Manuel Vieira, Secretário-Geral Adjunto SSI, começa por dizer que os centros de controlo policial e aduaneiro receberam de imediato todos os dados que dizem respeito aos fugitivos.
"Estamos neste momento bastante confortáveis com aquilo que é a circulação da informação a nível nacional e internacional", refere, acrescentando que "está a fazer tudo o que pode de ser feito". Ressalvando que esta é uma investigação policial complexa e que será "falaciosa" a ideia de que haverá informações rapidamente. Garante, porém, que estão empenhados em que haja resultados, mas que esses não terão a "emergência" esperada.
Na mesma conferência de imprensa, Rui Abrunhosa Gonçalves. Diretor-Geral Reinserção e Serviços Prisionais, assume que "algo falhou, se não as pessoas não teriam fugido como fugiram" e que, por isso, responsabilidades serão apuradas, estando neste momento está uma investigação em curso.
A fuga dos cinco evadidos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus foi registada pelos sistemas de videovigilância pelas 09h56, mas só foi detetada 40 minutos depois, quando os reclusos regressavam às suas celas.
De acordo com o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), Rui Abrunhosa, ficou registada “no sistema de videovigilância a fuga dos cinco indivíduos pelas 09h56”.
Segundo Rui Abrunhosa, a informação só foi comunicada aos órgãos superiores “cerca de 40 minutos depois, pois só nessa altura, aquando do regresso às celas individuais, se deu conta que faltavam cinco indivíduos com recurso ao sistema de videovigilância”.
“A partir desse momento foram desencadeadas todas as ações.
Rui Abrunhosa Gonçalves, no momento reservado a perguntas dos jornalistas aponta o dedo ao Tribunal de Execução de Penas que ordenou que o recluso argentino saísse da cadeia de alta de segurança de Monsanto para rumar a Vale de Judeus, "contra a nossa opinião técnica". "Não vou dizer que isso ajudou à fuga, mas se estivesse em Monsanto não tinha fugido", remata.
O diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais reconheceu hoje que há um problema de falta de guardas prisionais, que é geral, ressalvando contudo que no sábado estavam 33 guardas em Vale dos Judeus, ligeiramente acima do recomendado.
"Não é por aí, embora eu reconheça que o problema da falta de guardas prisionais é um problema de todos os sistemas. Isso está muito claro", afirmou o diretor-geral, acrescentando que não é por causa desta fuga que são necessários mais guardas, mas por ser evidente que faltam guardas.
No sábado, o efetivo em Vale dos Judeus era de 33 guardas prisionais, número que está ligeiramente acima do recomendado.
“A cadeia contava à altura com 33 elementos da guarda prisional”, o que “é, à partida, o número normal que um estabelecimento destas características e com este número de reclusos justifica ter”.
O diretor-geral especificou ainda que os 33 guardas correspondem a dois turnos de 15, que é o que está adequado à luz do que dizem os regulamentos e está de acordo com a nova implementação de turnos.
"Uma coisa é olharmos para isto e dizermos se não deviam estar eventualmente mais? É isso que vamos ter de apurar. Vamos ter de apurar se houve alguma falha", disse, quando questionado sobre se o número seria suficiente, ressalvando ser prematuro dizer algo mais neste momento e lembrando que foi uma "fuga altamente preparada por indivíduos muito experientes criminalmente".
Rui Abrunhosa salientou também que a fuga ocorreu num sábado, dia em que não há atividades de trabalho nem escolares dos reclusos e em que é expectável que o turno definido funcione.
Portanto, reiterou, "não é necessariamente por aí", embora seja "evidente" que são necessários mais guardas.
"Não é por causa desta fuga que preciso de mais guardas, preciso de mais guardas porque há um conjunto de atividades que é preciso levar a cabo nos estabelecimentos prisionais e que não podem ser feitas", disse.
Vale dos Judeus, referiu, tem um efetivo de 150 guardas prisionais, dos quais cerca de 15 se encontram ausentes de baixa por doença, e outros tantos de férias.
Rui Abrunhosa adiantou ainda que foi solicitada à tutela a abertura de um concurso para 225 guardas, medida que permitirá mitigar o impacto das aposentações previstas para os próximos tempos.
De seguida, Luís Neves, Diretor nacional da PJ, explica que importa perceber quem está por trás desta fuga, "organizada a partir de fora" por uma uma organização criminosa, muito complexa, com capacidade financeira.
Luís Neves disse que a PJ está a levar a cabo uma investigação para saber de que forma ocorreu a fuga e quem está por detrás dela.
“Dos nossos trabalhos que já levam 20 horas detetamos que todos os pormenores [da fuga] foram preparados ao mínimo detalhe”, disse Luis Neves, salientando a cooperação existente entre todas as forças de segurança.
Luís Neves detalha ainda o perfil dos reclusos, salientando que o único que não oferece preocupação por ser violento é o cidadão da Georgia. Aponta ainda, à semelhança do que tem sido notíciado, que "El Ruso" é bastante violento e um mestre do disfarce.
"Estamos a falar de gente muito violenta com uma enormíssima capacidade de mobilidade".
Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.
Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.
Alerta que esta não é a primeira vez que os cidadãos tentam fugir e que serão capazes de tudo para se manter em fuga: nomeadamente atentar contra a vida humana.
Por isso, pede à população que se "abstenha de ter qualquer ato de contacto com estas pessoas", o responsável alertou ainda para a necessidade de haver “cuidado e reserva na comunicação” durante a investigação, apelando à população que, se tiver alguma informação sobre os evadidos, contacte as forças de segurança ou o 112.
Em conferência de imprensa realizada na sede do Sistema de Segurança Interna (SIS), em Lisboa, todas as autoridades salientaram a cooperação entre as várias entidades, Luís Neves chegou a dizer que antigamente uma coordenação e uma conferência de imprensa como esta seriam impensáveis.
Cinco reclusos fugiram no sábado do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.
Segundo avançou no sábado a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), uma avaliação preliminar, com recurso a imagens de videovigilância, aponta para uma fuga dos cinco homens pelas 10h00 "com ajuda externa através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior".
"Conforme o protocolo, foram feitas imediatamente comunicações devidas aos órgãos de política criminal com vista à recaptura dos evadidos", acrescentou o organismo em comunicado.
O Sistema de Segurança Interna (SSI) indicou também no sábado ter sido "agilizada a cooperação policial internacional" para a captura dos cinco reclusos que fugiram.
De acordo com a DGRSP, já foi aberto um processo de inquérito interno, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado pelo Ministério Público.
*Com Lusa
Comentários