Um grande forte romano que se acredita ter desempenhado um papel fundamental na invasão bem sucedida da Grã-Bretanha em 43 d.C foi descoberto na costa holandesa, conta o The Guardian.
Arjen Bosman, o arqueólogo responsável pelas descobertas, referiu que as provas apontavam que o complexo em Velsen (ou Flevum, em latim) tenha sido a fortaleza mais a norte do império construído para manter uma tribo germânica, conhecida como Chauci, à distância, bem como as forças invasoras romanas preparadas para atravessar de Boulogne, em França, até às praias do sul de Inglaterra.
O campo fortificado parece ter sido estabelecido pelo Imperador Calígula (12 a 41 d.C.), como preparação para a sua tentativa falhada de tomar a Britânia por volta do ano 40 d.C., mas foi então desenvolvido e explorado com sucesso pelo seu sucessor, o imperador Cláudio, para a sua própria invasão em 43 d.C.
"Sabemos com certeza que Calígula esteve nos Países Baixos, pois há marcas em barris de vinho de madeira com as iniciais do imperador queimadas, sugerindo que estas vieram da corte imperial", apontou Bosman.
"O que Calígula veio fazer foram os preparativos para invadir a Inglaterra — para ter o mesmo tipo de feito militar que Júlio César, mas para invadir e permanecer lá. Não conseguiu terminar o trabalho, pois foi morto em 41 d.C. e Cláudio assumiu o lugar de onde partiu em 43 d.C.", explicou o arqueólogo.
As primeiras provas de um forte romano em Velsen tinham sido descobertas em 1945 por alunos que encontraram cacos de cerâmica numa trincheira alemã abandonada.
Em 1997, a descoberta de valas romanas por Bosman, em três locais, e de um muro e um portão foram consideradas provas suficientes para que a área se tornasse um sítio arqueológico protegido pelo Estado.
Contudo, nessa altura pensava-se que o forte encontrado tinha sido pequeno, teoria que foi complementada pela descoberta em 1972 de um anterior forte, conhecido como Velsen 1, que se crê ter estado em funcionamento de 15 a 30 d.C.
A existência dos dois fortes a poucas centenas de metros um do outro tinha levado os investigadores a acreditar durante décadas que ambos eram provavelmente meros castelos, campos militares menores de apenas um ou dois hectares.
Foi apenas em novembro deste ano, através da junção de traços do último forte Veslen, que foram registados nas décadas de 1960 e 1970, mas não reconhecidos na altura como romanos, que se chegou a um novo entendimento.
"Não é um ou dois hectares como o primeiro forte de Velsen, mas pelo menos 11 hectares", disse Bosman. "Sempre pensámos que era do mesmo tamanho, mas isso não é verdade. Era uma fortaleza legionária e isso é algo completamente diferente".
No local tem sido encontrado "muito material militar, muitas armas, punhais longos, dardos", o que leva a crer que "vários milhares de homens estavam a ocupar este forte".
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