O Ever Given, um navio porta-contentores com mais de 220.000 toneladas e 400 metros de comprimento, está encalhado na parte sul do canal, a poucos quilómetros da cidade de Suez, desde terça-feira, e está a bloquear a rota estratégica, por onde passa cerca de 10% do comércio marítimo internacional.
Os ventos fortes, combinados com uma tempestade de areia, foram inicialmente avançados como fatores principais na explicação do incidente, mas o chefe da Autoridade do Canal de Suez, almirante Osama Rabie, sublinhou hoje que as condições meteorológicas não serão a única razão.
“Outros erros, humanos ou técnicos, poderão ter entrado em jogo”, afirmou o almirante numa conferência de imprensa em Suez.
Cerca de 300 navios estão parados em ambas as extremidades do canal, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, segundo Osama Rabie.
A noite hoje é auspiciosa para tentar desencalhar o navio, devido à lua cheia e maré cheia, segundo disse o capitão de um dos rebocadores envolvidos na operação, em declarações à agência de notícias EFE.
Mohamed Hafez, capitão do “Batal 2”, está otimista quanto à possibilidade de esta noite os rebocadores poderem desobstruir o Ever Given, cuja proa foi já movida cerca de 17 metros na direção norte, para onde navegava quando atingiu uma das margens e encalhou na areia e nas rochas.
Mohamed Qasem, assistente de Hafez, também a bordo do “Batal 2”, disse à EFE que tem “90% de expectativas” de que o Ever Given “se mova hoje”, até porque a maior parte da areia e lama à volta da proa do navio foi já removida por dragas.
Os navios rebocadores irão agora utilizar grandes cordas de aço para puxar o navio.
O Ever Given não está, no entanto, “apenas encalhado na areia à superfície, também ficou preso no banco”, explicou um especialista, Plamen Natzkoff, da VesselsValue, uma consultora na área da navegação, em declarações à AFP.
Uma grande maré alta esperada no “domingo à noite” pode vir a “ser uma grande ajuda”, disse Natzkoff.
O bloqueio está a causar grandes atrasos nas entregas de petróleo e outros produtos, com um efeito de arrastamento nos preços do ouro negro, que subiram na sexta-feira.
Osama Rabie estimou na conferência de imprensa de hoje que o Egito está a perder entre 12 e 14 milhões de dólares por cada dia de encerramento do canal.
Onze cargueiros romenos que transportam gado vivo estão à espera do desbloqueamento do Canal de Suez e uma organização não-governamental (ONG) está preocupada com o destino de 130.000 ovelhas.
“Os representantes dos transportadores foram contactados e receberam a garantia de que há comida e água suficientes a bordo dos navios para os próximos dias”, informou hoje a agência romena de Saúde Veterinária (ANSVSA).
Para a Animals International, no entanto, as ovelhas estão em perigo de vida.
“A situação é crítica e corre o risco de se tornar uma tragédia marítima sem precedentes, envolvendo animais vivos”, avisou o principal responsável da ONG na Europa, Gabriel Paun, numa declaração enviada à AFP.
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