Diário de quarentena, por Patrícia Reis. Dia 9
Eu amo o Porto. Quem não? É uma cidade incrível, muito diferente de Lisboa, de Évora ou de Faro. Ontem, ao ver um vídeo da câmara municipal do Porto que mostra a cidade vazia fiquei de lágrimas nos olhos. Porque o movimento #FicaEmCasa é sobre a nossa sobrevivência, sobre o futuro, e a imagem de uma cidade vazia é de aplaudir, mostrando que é possível, que o isolamento importa.
Os portugueses perceberam isto e estão juntos a combater a propagação do vírus. Creio que percebemos antes do Estado de Emergência declarado por Marcelo Rebelo de Sousa e ainda bem, porque todas as horas que nos protegemos são horas que contam. Sabemos as regras, ouvimos as autoridades, o governo, o Presidente da República, a Ministra da Saúde, a Direcção Geral de Saúde. Estas são as autoridades. E ouvi-las permite saber o que fazer e o que não fazer. Há, porém, outras vezes que são essenciais e que aplaudo vigorosamente: os jornalistas. Aqueles que nos entram pela casa a dentro através da televisão, da rádio, do SAPO 24 e outras plataformas online. Eu sei que é terrível dizer que não comprei nenhum jornal em papel, é verdade, não comprei. Fiz mais assinaturas online de jornais nacionais e estrangeiros. Apoio o jornalismo a 100%, é a minha profissão, será sempre a minha profissão e a forma como vejo e entendo o mundo. Nos momentos de crise, o jornalismo é a bitola da democracia, é uma ferramenta crucial que não se torna importante de repente. O jornalismo é importante em qualquer circunstância, o bom jornalismo, validado por profissionais cujo percurso e o respeito pelo código deontológico não dão espaço a fake news ou a sensacionalismo. É fundamental percebermos o que estamos a ler, a ouvir, quem informa, como informa. Escolher bom jornalismo é escolher a democracia, é escolhermo-nos a nós enquanto sociedade viável, com futuro, responsabilidade e bom senso.
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