“Ficarei muito feliz se estes materiais puderem contribuir de alguma forma para aqueles que querem estudar o meu trabalho”, disse o escritor japonês numa conferência, no domingo, na sua 'alma mater', onde se localizará a biblioteca e o arquivo.
Haruki Murakami espera que este espaço tenha uma “atmosfera aberta e positiva” que estimule interações culturais entre estudantes, professores e todos aqueles que se interessam pelo seu trabalho e pela literatura japonesa.
O projeto do arquivo surgiu no início deste ano, quando Murakami se ofereceu para doar a sua enorme coleção de materiais, que a sua casa e o seu escritório já não conseguem albergar.
“Não tenho filhos para tratar deles e não quero que estes materiais se dispersem e se percam quando eu morrer”, afirmou o romancista, acrescentando que se sente “grato por poder guardá-los num arquivo”.
Para Haruki Murakami, “um 'campus' universitário deveria ter um espaço alternativo” como este, que se inspira no ambiente da sua biblioteca, onde escreve histórias enquanto ouve a sua escolha musical do dia.
O arquivo irá incluir rascunhos do seu romance “Norwegian Wood”, que escreveu à mão em cadernos, enquanto viajava pela Europa, e as suas traduções de romances dos seus autores favoritos, como Raymond Carver, J.D. Salinger e Scott Fitzgerald.
Além de ser um dos mais aclamados romancistas a nível mundial, Murakami também é conhecido pelo seu trabalho de tradução de romances de inglês para japonês, que diz ser prazeroso ao ponto de parecer um 'hobby'.
“Eu sinto mesmo que o trabalho de tradução me ajudou a crescer. Se me tivesse cingido à literatura japonesa, provavelmente teria sufocado”, confessou o romancista de 69 anos.
Murakami começou a escrever depois de se licenciar na Universidade de Waseda, em 1975. Estreou-se como o romance "Ouve a Canção do Vento"/“Hear the Wind Sing”, que foi publicado em 1979. Em 1987, lançou o seu primeiro 'best-seller', intitulado “Norwegian Wood”, que o estabeleceu como uma estrela da literatura. O seu último romance, “Killing Commendatore”, chegou recentemente às livrarias norte-americanas.
A Universidade de Waseda disse ainda estar a trabalhar em certos detalhes para que uma parte do arquivo esteja pronta em 2019. O presidente da Universidade, Kaoru Kamata, sublinhou que quer que a biblioteca seja um lugar a visitar pelos fãs de Murakami e pelos investigadores da literatura e cultura japonesa de todo o mundo.
Haruki Murakami garantiu durante a conferência – que foi a primeira na sua terra natal em 37 anos - que continuará a alimentar a biblioteca e o arquivo nos próximos anos, com mais materiais.
“Ainda estou vivo e tenho que usar alguns deles”, disse.
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