Segundo notícia do jornal britânico The Guardian, há uma aldeia em Espanha que pretende que a tradição de conversar ao ar livre à noite seja reconhecida com o estatuto de património mundial. O objetivo é proteger o costume secular da ameaça das redes sociais e da televisão, explicou José Carlos Sánchez, presidente da Câmara de Algar.
O presidente da Câmara defende que a tradição é o "oposto das redes sociais" e é boa para a saúde mental, já que evita que os residentes se sintam sozinhos.
Assim, Sánchez apresentou recentemente a candidatura para que esta tradição seja adicionada à lista de património cultural da Unesco. É uma forma inovadora de pensar sobre as reuniões, que há muito tempo proporcionam uma pausa do calor, admitiu o presidente, e é o um esforço para salvaguardar a tradição.
Mas como a tradição já não é o que era, o objetivo é “voltar a ter todos fora das suas portas, ao ar livre, em vez de estarem o Facebook ou ver televisão dentro das suas casas".
Sánchez, que passa regularmente noites amenas de verão à porta da casa da sua mãe de 82 anos, enumera muitos benefícios do que é conhecido como “charlas al fresco”, desde a poupança de energia por desligar o ar condicionado durante algumas horas até ao sentimento de comunidade entre os vizinhos que partilham os mexericos do dia ou comentam as últimas notícias.
As conversas noturnas também oferecem uma espécie de libertação psicológica, afastando a solidão, numa altura em que as preocupações em torno da saúde mental se acentuaram. Na aldeia, os residentes reagiram calorosamente à sua candidatura ao estatuto de património mundial, segundo Sánchez. E, apesar de o reconhecimento ser um processo lento e poder levar anos, a candidatura já teve um lado positivo inesperado: a cobertura mediática chegou de todo o país, dando a Sánchez a oportunidade de destacar a pequena aldeia escondida entre dois parques naturais no sul de Espanha.
"Em Madrid estão a conhecer Algar. Em Barcelona também. E em tantas outras regiões", disse. "Por isso, é publicidade gratuita ao município".
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