Segundo dados do Governo espanhol, por causa da seca, que afetou a produção hidroelétrica, 35% da eletricidade consumida em Portugal em outubro foi importada de Espanha, enquanto também dispararam as vendas para França desde janeiro por causa da paragem das centrais nucleares francesas.
O aumento das exportações de eletricidade para Portugal e França fizeram disparar o uso de gás natural em Espanha em agosto e setembro, meses em que já estavam em vigor medidas para poupar no consumo de energia, explicou hoje a ministra espanhola Teresa Ribera, em Madrid, numa conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros.
O gás natural é usado como fonte para produzir eletricidade e descontando o valor das exportações, teria havido uma diminuição do consumo, assegurou Teresa Ribera, sublinhando que a procura doméstica de eletricidade baixou 4,6% em Espanha em agosto e setembro, coincidindo com “o verão mais quente desde que há registo”.
A ministra, que tem a pasta da energia no Governo espanhol, considerou que estes números das exportações de eletricidade são uma “mensagem muito importante” para “o debate europeu” em curso em torno da energia.
“Isto mostra segurança no abastecimento elétrico que nesta conjuntura às vezes se esquece. Espanha está a garantir segurança de abastecimento elétrico”, afirmou.
Teresa Ribera defendeu que “a Europa entende que a sua segurança energética depende em boa medida da partilha e da interconexão entre os diferentes países” e neste momento fala-se “da interconexão de gás ou da segurança energética ameaçada pela dificuldade em aceder a gás natural no centro e norte da Europa”, “mas estes números mostram até que ponto a segurança de abastecimento elétrico” de Portugal e, em menor medida, de França “depende fundamentalmente desta partilha de infraestruturas”.
“Nós não temos dificuldade em aceder ao gás natural, mas outros países têm. Mas mais, em determinadas circunstâncias pode haver dificuldade em assegurar fornecimento elétrico e só uma boa interconexão entre países nos permite com flexibilidade responder a essas necessidades”, acrescentou.
Portugal e Espanha têm insistido no aumento das interconexões entre a Península Ibérica e o resto da Europa, para transporte de energia, como a construção de um novo gasoduto nos Pirenéus, adequado para gás e hidrogénio, que França se opõe.
A Península Ibérica, por falta de conexões com o resto da Europa, funciona como uma “ilha energética” e Portugal e Espanha desenvolveram infraestruturas para abastecimento que dizem poder ser agora usadas como porta de entrada de gás na Europa, em alternativa ao gás russo.
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