O próprio líder conservador abriu a porta à sua queda, ao recorrer a um mecanismo constitucional (artigo 49.3) para aprovar os orçamentos da Segurança Social para 2025, evitando a votação parlamentar, dada a sua falta de apoio político.
“A esquerda apresenta hoje esta moção de censura com gravidade e responsabilidade, porque nunca esteve ao lado da instabilidade e do caos. Mas a ausência de diálogo, o desrespeito pelas propostas apresentadas e pelo trabalho parlamentar tornam a censura necessária”, afirmam os deputados da coligação Nova Frente Popular (NFP) em comunicado.
A medida apresentada por este grupo de esquerda – que inclui socialistas, insubmissos, comunistas e ecologistas – é a que tem mais probabilidades de ser bem sucedida, uma vez que a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, declarou imediatamente que os seus deputados se juntariam a ela para derrubar o atual governo.
O partido de Le Pen, a União Nacional (RN, na sigla em francês), também apresentou a sua própria moção de censura, embora esta tenha menos probabilidades de ser bem sucedida, uma vez que a esquerda evita sistematicamente aderir às iniciativas da extrema-direita.
Em todo o caso, seria a soma dos deputados da esquerda, que é a primeira força em número de deputados, com os do RN (que é o terceiro maior grupo da Assembleia) que permitiria alcançar a maioria absoluta necessária para aprovar a moção de censura.
Do lado dos conservadores e do centro macronista, que são as forças que apoiam o atual governo em minoria parlamentar, foi avisado que a queda do governo de Barnier – que chegou ao poder em 05 de setembro, depois de um verão de completo impasse político – mergulharia a França no caos e a deixaria em território “desconhecido”.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, que se encontra numa viagem de Estado à Arábia Saudita, ainda não se pronunciou, embora fontes do Eliseu tenham dito ao canal de televisão BFM que o chefe de Estado quer “estabilidade”, embora admita que o futuro de Barnier está nas mãos da Assembleia.
A votação das moções de censura deverá ter lugar na quarta-feira à tarde, mas poderá também ter lugar na quinta-feira de manhã, dependendo do acordo das forças parlamentares.
A moção da esquerda, que foi apresentada mais cedo, será debatida em primeiro lugar.
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