Durante o debate do estado da nação, que decorre hoje na Assembleia da República, em Lisboa, o líder do grupo parlamentar do CDS-PP começou por ironizar que no discurso do primeiro-ministro "qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência e qualquer fim da austeridade, que mais uma vez anunciou, é pura ficção".
"O país real, governado por António Costa, tem a carga fiscal máxima e os serviços públicos mínimos", salientou Nuno Magalhães.
Para exemplificar a sua posição, o deputado do CDS-PP salientou que na saúde os profissionais estão "exaustos como nunca", existem "mais dívidas como nunca aos hospitais, cirurgias adiadas como nunca, mais tempos de espera para a realização de meios complementares de diagnóstico, mais equipamentos para substituir, mais hospitais sem verbas para adquirir medicamentos, mais tempos de espera nos cuidados continuados e, mais grave, cada vez mais tempos de espera para a primeira consulta".
"Senhor primeiro-ministro, isto é cumprir aquilo que prometeu? É o fim da austeridade? É que o senhor também prometeu que no final da legislatura todos os portugueses tinham médico de família", assinalou Nuno Magalhães, advogando que ainda existem "740 mil sem médico de família".
A par disto, o parlamentar indicou que também estão por construir "cinco novos hospitais - Lisboa, Sintra, Évora, Madeira e Seixal", mas após "quatro orçamentos, nem um" está em funcionamento.
"Mais uma vez o senhor primeiro-ministro não cumpriu, não pode vir aqui dizer que cumpriu aquilo que realmente não cumpriu", elencou o líder parlamentar, acusando António Costa de cometer "sempre o mesmo erro, é excelente a anunciar, péssimo a fazer".
Quanto aos transportes, o deputado do CDS-PP defendeu que o Governo desceu os tarifários sem cuidar da oferta, salientando que o executivo "tem de prestar contas é desta legislatura".
Em resposta, o primeiro-ministro salientou que os portugueses pagam hoje menos impostos e que a taxa de desemprego diminuiu face ao anterior Governo PSD/CDS-PP.
Ainda assim, António Costa notou que Portugal não é "um país cor de rosa" nem "um oásis".
"Há problemas e perante os problemas procuramos soluções", salientou, admitindo que o Governo tem de "continuar a trabalhar para reduzir os tempos de espera" na saúde.
"E vamos fazer mais, vamos continuar a trabalhar para cumprir o que está no Orçamento de Estado do lançamento dos cinco novos hospitais que referiu", garantiu, rematando: "estão no Orçamento de Estado e estamos a cumprir".
Ainda na saúde, Costa considerou que as contas apresentadas pelo CDS-PP "estão erradas", pois "700 mil são os portugueses que passaram a ter acesso a médico de família", e assegurou que no final desta legislatura "97% dos portugueses terão médico de família".
"Não conseguimos chegar aos 100, é verdade, mas não conseguimos chegar aos 100 por ausência de recursos suficientes, de candidatos suficientes, não por falta de abertura de vagas, não por qualquer tipo de cativação", garantiu.
Assim, o primeiro-ministro mostrou-se convicto de que este objetivo "seguramente" será cumprido "no primeiro ano da próxima legislatura".
Quanto aos transportes, o primeiro-ministro destacou investimentos "na manutenção e no sistema de segurança" do metropolitano de Lisboa, que permitiram "aumentar a oferta em 5%".
António Costa acusou também o CDS-PP de ser "contra a redução do tarifário" e antecipou que, se voltassem a ser Governo, a par com o PSD, "os passes sociais voltavam a subir e os portugueses voltavam a pagar o que pagavam antes pelo transporte público".
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