Como reza a lenda, deixar uma moeda na Fontana di Trevi faz com o regresso a Roma seja garantido. Os detalhes são importantes: é preciso que a pessoa esteja de costas para a fonte e tem de mandar a moeda sobre o ombro. Se deixar uma segunda moeda na fonte, tem o direito de fazer um pedido.
Quando a enchente de moedas se verifica, existe uma companhia que, com recurso a aspiradores, recolhe as ofertas dos turistas. Desde 2001 até então, as receitas da fonte iam para a Caritas — rede de organizações humanitárias da Igreja Católica — de Itália.
Por ano, esta superstição italiana, uma das mais famosas do país, permite que se arrecade 1,4 milhões de euros, segundo os dados da Caritas, referentes a 2016.
Ainda que o dinheiro seja entregue à Caritas — responsável por albergar sem-abrigo ou ajudar pessoas em risco de exclusão social — não se sabe ao pormenor onde é que a Caritas utiliza o dinheiro. Esta incerteza tem levado a que a Câmara Municipal e o órgão de caridade da Conferência Episcopal Italiana debatam a questão.
Em outubro do ano passado, o vice-presidente de Roma Luca Bergamo, do Movimento 5 Estrelas, assinou uma lei que estipulava que o dinheiro colocado na fonte devia ser direcionado para os cofres do concelho a partir do dia 1 de abril de 2018, a fim de estimular “projetos de assistência e solidariedade municipais”.
Na sequência da polémica que envolveu a questão e para evitar más relações com a Igreja — que tem um papel importante em Itália —, no dia 29 de março, três dias antes da aplicação da nova lei, a presidente da Câmara de Roma, Virginia Raggi, recuou na decisão, adiando-a até 31 de dezembro.
Até ao final do ano será então feito um estudo que apresente soluções alternativas para administrar o dinheiro da fonte.
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