André Peralta-Santos, antigo diretor dos serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, publicou este domingo na rede social Twitter uma série de tweets de análise e projeção do impacto da variante Ómicron, tendo como base o cenário de outros países, recomendando uma série de medidas para conter a propagação da pandemia e evitar desfechos mais pesados do que o previsto para o início do ano de 2022.
O conjunto de mensagens começa com uma frase clara para o raciocínio que se seguiu: “estamos a cometer os mesmos erros do Natal passado”.
Nos primeiros tweets, o investigador olha para a situação no Reino Unido e na Dinamarca, dois países que estão “três ou quatro dias adiantados” a Portugal em relação à prevalência a variante Ómicron, realçando que o nosso país ainda “não teve a explosão de casos, mas muito provavelmente terá na próxima semana”, referindo-se a este período do Natal, de 20 a 26 de dezembro, razão pela qual também ainda não notou um aumento preocupante dos internamentos em Portugal, um capítulo em que o especialista diz que “continuamos com boa margem”.
No entanto, sublinha que “com crescimentos exponenciais a margem pode acabar rapidamente”, dando o exemplo do Reino Unido, onde as hospitalizações estão a começar a dar “sinais de preocupação”.
André Peralta-Santos diz que “se tudo continuar igual, Portugal só fará um reforço de medidas não farmacológicas a 3 de Janeiro, duas semanas depois do Reino Unido e Dinamarca”, sendo que "durante essas duas semanas temos dois eventos de elevado risco de transmissão (Natal e Ano Novo)”.
Essas possíveis medidas são exemplificadas com o caso da Dinamarca que desde do dia 17 de dezembro, passada sexta-feira, encerrou bares, discotecas, cinemas e espetáculos, assim como em Portugal, tornou obrigatório o uso de máscara em sítios públicos. Já no caso do Reino Unido, houve um encerramento das discotecas e um controlo da lotação de espaços interiores. Para o antigo dirigente da DGS, o país nórdico é mesmo o melhor exemplo e sugere o encerramento de "sítios onde há risco de super spreading [super contágio] (bares, discotecas, espetáculos), limitar lotações de espaços públicos . Com apoios públicos".
O médico explica que caso não sejam aplicadas medidas preventivas de redução dos contágios, Portugal corre o risco de que janeiro tenha níveis de doença na comunidade muito elevados e pressão muito elevada nos hospitais com degradação da qualidade e acesso a cuidados não covid”.
O primeiro mês do novo ano vai ser melhor do que o trágico início de 2021, devido à cobertura vacinal, no entanto, Peralta-Santos confessa que o mês que se avizinha vai ser "muito pior do que esperávamos há três semanas” devido à Ómicron.
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