Segundo o sindicato, a A-ETPL, Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa, informou hoje os trabalhadores que, devido às dificuldades financeiras que atravessa, não lhe é possível efetuar o pagamento da totalidade do valor de salários em dívida, mas sim, "somente, um teto máximo de 390 euros".

De acordo com o SEAL, um comunicado interno da A-ETPL refere ainda que "o pagamento [dos 390 euros] se deve essencialmente a um esforço conjunto da Direção da A-ETPL e de todas as empresas associadas" e garante que as empresas em causa continuam a envidar todos os esforços para que o valor remanescente em dívida aos trabalhadores seja pago com a maior brevidade possível.

Para o SEAL, os atrasos sucessivos no pagamento de salários aos estivadores do Porto de Lisboa são "inaceitáveis".

"A cinco dias do arranque de uma greve de três semanas para acabar com toda esta indignidade, ao invés de nos devolverem a paz, obrigam-nos a continuar a trabalhar de borla, ferindo a dignidade de quem dá tudo o que tem - às vezes a própria vida - para abastecer a população, o comércio e a indústria da capital e do país", refere o SEAL em comunicado.

"Não aceitamos continuar assim. Avançaremos para todas as formas de luta necessárias, por todos os meios ao nosso alcance, para que cumpram tudo o que assinam e, assim, paguem tudo o que devem", acrescenta o comunicado emitido pelo SEAL.

De acordo com o sindicato, os 390 euros pagos hoje aos estivadores do Porto de Lisboa constituem a "48.ª prestação dos salários dos últimos 17 meses", o que acontece a poucos dias da greve que irá afetar apenas algumas empresas naquela estrutura, designadamente, as três empresas do grupo Yilport - Liscont, Sotagus e Multiterminal - e uma quarta empresa, TMB (Terminal Multiusos do Beato).

A greve dos estivadores do Porto de Lisboa, que decorre de 19 de fevereiro a 09 de março, foi decretada na sequência das propostas daquelas quatro empresas, que desafiaram o sindicato a aceitar uma redução de 15% no salário dos estivadores.

O SEAL defende que "se não há dinheiro para salários é por decisão das empresas que fazem o preço do estivador a elas próprias, ou seja, continuam a pagar à A-ETPL o mesmo que pagavam pelo trabalho de estiva há 27 anos" e considera que "é necessária uma atualização do custo do trabalho de estiva no Porto de Lisboa".