O estudo, desenvolvido sob liderança de especialistas da Área de Medicina Dentária e do Instituto de Microbiologia da Faculdade de Medicina e do Centro de Neurociências e Biologia Celular (no âmbito do trabalho de doutoramento de Patrícia Diogo), já foi publicado nas revistas ‘Frontiers in Microbiology’ e ‘Photodiagnosis and Photodynamic Therapy’, refere a UC numa nota enviada hoje à agência Lusa.
“Um dos grandes problemas atuais do tratamento endodôntico, comummente conhecido como desvitalização do dente, é garantir a completa destruição dos biofilmes microbianos – populações complexas de microrganismos que se formam no interior dos canais da raiz do dente e que provocam infeção –, por forma a assegurar o sucesso da intervenção”, afirma a UC.
Por isso, a investigação “focou-se em explorar novas estratégias terapêuticas e compará-las com as técnicas convencionais”.
Já aplicada com sucesso no tratamento de vários tipos de cancro, a terapia fotodinâmica caracteriza-se por não ser invasiva e por permitir “eliminar diferentes células envolvendo a combinação de um fotossensibilizador (medicamento) ativado com uma fonte de luz inofensiva”.
Neste estudo, os investigadores testaram, pela primeira vez, um derivado de clorofila extraída de uma alga como fotossensibilizador, adianta a UC, sublinhando que “os resultados foram altamente promissores”.
Da intensa bateria de testes realizados, primeiro em materiais de laboratório e posteriormente em material dentário humano colhido na prática clínica, “um fotossensibilizador, constituído por uma molécula de clorofila modificada, revelou-se muito mais eficaz relativamente às técnicas clássicas usadas atualmente na prática clínica” revelam os coordenadores do estudo, João Miguel Santos e Teresa Gonçalves, citados pela UC.
Além da “eficiente eliminação dos biofilmes microbianos (desinfeção dos canais da raiz do dente)”, este novo fotossensibilizador “não apresentou toxicidade para as células humanas. E ao contrário do que acontece com os antibióticos muitas vezes utilizados nestas infeções, o novo extrato natural não gera resistência bacteriana, uma questão crítica em saúde”, destacam ainda os investigadores e docentes da Faculdade de Medicina da UC João Miguel Santos e Teresa Gonçalves.
Considerando que “os biofilmes microbianos são a principal causa de infeção da raiz do dente e que o sucesso da desvitalização depende da completa eliminação desses biofilmes”, os investigadores estão otimistas: “A aplicação da terapia fotodinâmica na medicina dentária apresenta-se como uma estratégia de futuro. Os atuais tratamentos são insuficientes para garantir o sucesso da intervenção e evitar complicações a médio longo prazo”, acrescenta a UC.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, estudos anteriores demonstraram que mais de 50% da população com idade superior a 50 anos sofre deste tipo de infeções. Por isso, concluem João Miguel Santos e Teresa Gonçalves, “é essencial apostar em abordagens avançadas para combater este problema e aumentar a taxa de sucesso do tratamento endodôntico”.
O estudo, que teve a colaboração das universidades de Aveiro e Federal de São Carlos (Brasil), foi desenvolvido ao longo de três anos e envolveu 13 investigadores de diferentes áreas (médicos dentistas, microbiologistas e químicos).
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