O trabalho que envolveu 4.600 jovens, com idade média de 15 anos, dos vários distritos do continente e da Madeira, destaca também que 58% dos jovens que já namoraram reportaram terem sofrido pelo menos um dos comportamentos de violência questionados.
As formas de violência questionadas foram o controlo, a perseguição, violência sexual, a violência psicológica, a violência através das redes sociais e a violência física.
De acordo com o estudo, os atos de violência mais aceites são entrar nas redes social sem autorização (35%), insultar durante discussão/zanga (25%), incomodar/procurar insistentemente (23%), insultar através das redes sociais (17%), pressionar para beijar (29%) e empurrar/esbofetear sem deixar marcas (6%).
No que diz respeito à legitimação dos comportamentos de violência, em que a diferença entre rapazes e raparigas é maior, destacam-se os comportamentos de violência sexual, nomeadamente o “pressionar para ter relações sexuais”.
Nesta questão, a legitimação entre os rapazes é quatro vezes superior em relação às raparigas (16%/4%). Da mesma forma quando a questão se refere aos comportamentos de controlo, especialmente o “utilizar as redes sociais sem pedir autorização do/a outro/a”, a diferença entre raparigas e rapazes também se faz notar (30%/42%).
No que se refere a indicadores de vitimização, 20% dos jovens disse já ter sido alvo de violência psicológica, 17% de perseguição, 14% de controlo, 9% de violência através das redes sociais, 8% de violência sexual e 6% de violência física.
Segundo os autores do estudo, os indicadores de vitimização, de um modo geral, apresentam “números preocupantes” entre os jovens, nomeadamente no que respeita aos comportamentos de controlo e de violência psicológica.
Neste sentido, 30% das raparigas e 28% dos rapazes, reportaram já terem sido insultados durante uma discussão ou zanga e, 25% das raparigas e 20% dos rapazes reportaram que já foram proibidos pelo namorado/a de estar a falar com amigos/as durante a relação.
Em conferência de imprensa, que contou com a presença da secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, a coordenadora do estudo, Maria José Magalhaes, considerou “preocupante” que os jovens continuem a considerar normal alguns atos agressivos, embora, comparativamente a 2019, os indicadores tenham diminuído, nomeadamente na violência física e sexual.
“Embora continuem preocupantes as percentagens diminuíram na maioria das formas de violência, tanto na legitimação, como na vitimização”, sublinhou.
Segundo a responsável, o trabalho de alerta e sensibilização tem de continuar até se chegar a “percentagens irrelevantes, estatisticamente falando”.
“Enquanto tivermos seis ou oito por cento de jovens que numa relação de namoro já sofreram uma violência física, uma violência psicológica ou um controlo, temos de continuar a trabalhar porque, simultaneamente, vamos prevenir a violência nas relações de intimidade, mas também vamos prevenir a violência nas relações em geral entre as pessoas”, acrescentou.
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