O estudo, realizado por investigadores da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi publicado na revista The Lancet Child & Adolescent Health e baseia-se em dados relatados por 1,6 milhões de estudantes de 146 países examinados entre 2001 e 2016, com idades compreendidas entre os 11 a 17 anos.
O documento conclui que as raparigas são menos ativas do que os rapazes em todos os países com exceção de quatro: Tonga, Samoa, Afeganistão e Zâmbia.
O estudo destaca que a prevalência de atividade física (registada entre 2001 e 2016) diminuiu ligeiramente nos rapazes (de 80% para 78%), enquanto que nas raparigas não se registaram mudanças ao longo do tempo (permanecendo em torno de 85%).
No caso de Portugal, a tendência global mantém-se, segundo os dados observados em 2016, com o grupo das raparigas a ser o que regista menor atividade física (90,7%), ocupando a 125.° posição da tabela entre os 146 países avaliados. No caso dos rapazes, os números são melhores (78,1%), ocupando a 55.ª posição no ‘ranking’.
Assim, Portugal regista uma percentagem de atividade física insuficiente, de 84,2% (em adolescentes de ambos os sexos), ocupando o 74.º lugar da tabela de classificação dos 146 países avaliados pela OMS entre 2001 e 2016.
"São necessárias ações políticas urgentes para aumentar a atividade física, particularmente no que toca às raparigas, motivando-as para uma prática regular e encorajando as que já exercem uma atividade regular a continuarem nessa via", afirma a coautora do estudo Regina Guthold, da OMS.
No que diz respeito às raparigas, os níveis mais baixos de atividade física insuficiente foram observados no Bangladesh e na Índia, países onde, segundo a investigação, os dados podem ser potencialmente explicados por fatores sociais, como o aumento das tarefas domésticas.
No caso dos rapazes, os números mais baixos foram registados no Bangladesh, na Índia e nos EUA, sendo que nos dois primeiros países os dados podem ser explicados pelo forte foco em desportos nacionais, como o críquete. No caso dos EUA, a percentagem pode justificar-se com a boa qualidade de educação física nas escolas, pela forte cobertura mediática ligada ao desporto e uma acessibilidade fácil a clubes desportivos (de hóquei no gelo, futebol americano, basquete ou basebol).
A OMS recomenda que os adolescentes pratiquem uma atividade física moderada a intensa durante pelo menos uma hora por dia, salientando que os efeitos da atividade física sobre a saúde são determinantes, nomeadamente no que toca ao desempenho cardiorrespiratório e muscular, assim como para o desenvolvimento cognitivo e socialização dos adolescentes.
Os autores deste estudo apontam para a importância de os governos tomarem medidas para identificarem as causas, de forma a combaterem as desigualdades sociais, económicas, culturais, tecnológicas e ambientais que possam perpetuar as diferenças entre rapazes e raparigas.
Para Fiona Bull, da OMS, “essas políticas devem apoiar o desenvolvimento de todas as formas de atividade física, incluindo educação física, brincadeiras e atividades recreativas, além de proporcionar ambientes seguros para que os jovens possam caminhar e andar de bicicleta”.
Os autores concluem que se estas tendências se mantiverem, o objetivo acordado na Assembleia Mundial da Saúde de 2018 não será alcançado, que é o de chegar a uma percentagem inferior a 70% de inatividade física até 2030.
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