Joe Biden partilhou o palco do Teatro Fox de Detroit (estado do Michigan), na segunda noite do debate democrata, com os senadores Kamala Harris e Cory Booker, o autarca de Nova Iorquem Bill de Blasio, e o ex-secretário da Habitação Julian Castro, além de outros cinco aspirantes à nomeação para as primárias do partido.
A primeira parte do debate centrou-se no sistema de saúde, principal preocupação dos norte-americanos. Biden tornou-se alvo das críticas dos restantes intervenientes quando a questão da imigração ilegal se tornou o tema dominante.
Julian Castro, que integrou a administração de Barack Obama, tal como Biden, defendeu a descriminalização da entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, posição que o ex-vice-Presidente rejeitou.
"Nunca tinha ouvido o secretário [Castro], e estivemos juntos em muitas reuniões, a falar nisto", disse Biden.
"Parece que um dos dois aprendeu as lições do passado e outro não", respondeu Castro, único latino entre os candidatos democratas, acrescentando ser necessária coragem para a questão da imigração.
"Tenho coragem suficiente para afirmar que o seu plano não faz qualquer sentido", respondeu Biden.
Neste momento, Blasio criticou o número de deportações de imigrantes ilegais durante o Governo Obama, superior ao do atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante os primeiros dois anos de mandato.
Perante as evasivas do antigo responsável, Blasio perguntou a Biden se tinha feito algo para travar as deportações.
"Eu era vice-Presidente. Não Presidente. Mantenho os meus conselhos privados. Ao contrário de si, que imagino repetirá qualquer coisa dita em privado. Isso não faço", afirmou Biden, que defendeu políticas migratórias de Obama como a regularização temporária dos jovens migrantes conhecidos como "dreamers".
Da imigração, os candidatos passaram para o sistema de justiça criminal, um dos pontos fortes da campanha de Booker, contra o número maciço de reclusos no país.
Booker apontou o dedo ao papel de Biden, enquanto senador, na promulgação de uma lei sobre justiça criminal em 1990, considerada agora como a origem do excesso de população prisional, em especial entre as minorias raciais, nos Estados Unidos.
"Todos os problemas de que falamos são problemas que ele criou", disse Booker, numa referência a Biden, atacado também por posições presentes e passadas sobre alterações climáticas, acordos comerciais, discriminação racial ou aborto.
Por seu lado, Kamala Harris, com bons resultados nas sondagens e que brilhou no primeiro debate, em junho, passou desta vez mais despercebida, tendo sido também atacada pelo congressista Tulsi Gabbard pelo desempenho passado como procuradora-geral da Califórnia.
"Prendeu mais de 1.500 pessoas por infrações relacionadas com marijuana e brincou quando lhe perguntaram se alguma vez tinha fumado marijuana. Bloqueou provas que teriam deixado livres inocentes condenados à morte. Manteve reclusos na prisão além das penas para serem usados como mão de obra para o estado da Califórnia", acusou Gabbard.
Além de Biden, Harris, Booker, Gabbard, De Blasio e Castro, no debate de quarta-feira participaram os senadores Michael Bennet e Kristen Gillibrand, o governador do estado de Washington, Jay Inslee, e o empresário Andrew Yang.
O segundo debate presidencial democrata terminou na quarta-feira à noite, depois de na terça-feira os restantes dez candidatos, incluindo os senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, terem participado na primeira ronda.
Depois de dois debates, com 20 aspirantes à nomeação em cada um, o Partido Democrata tornou mais exigentes os requisitos para participar no terceiro, que se vai realizar em 12 e 13 de setembro, em Houston (Texas).
Até à data, só sete candidatos têm lugar garantido no debate de Houston: Biden, Sanders, Warren, Booker, Harris, o autarca South Bend (Indiana), Pete Buttigieg, e o ex-congressista do Texas Beto O'Rourke.
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