Nesta segunda-feira, poucas horas antes de uma conferência de imprensa nos jardins da Casa Branca, o presidente Donald Trump não comentou sobre o assunto, ansioso para projetar — a todo custo e de forma irresponsável, de acordo com seus críticos —, a imagem de um país que superou a covid-19 e que pode retomar as suas atividades.
"Os números do coronavírus estão MUITO melhores, diminuindo em quase todos os lugares. Um enorme progresso foi feito!", escreveu Trump no Twitter, que desferiu ainda dois ataques contra os meios de comunicação, chamando-os de "inimigos do povo", e ao seu antecessor, Barack Obama.
Segundo o atual presidente, o ex-líder democrata está sob os holofotes de um grande "Obamagate", não detalhado por Trump. Já para Obama, a situação é clara: a gestão da crise por parte da Casa Branca é um "desastre caótico absoluto".
Por influência do cinema, a Ala Oeste parece ter grandes dimensões no imaginário coletivo. No entanto, esse edifício, que abriga o Salão Oval, os escritórios dos assessores mais próximos do presidente, a sala de imprensa e os escritórios de jornalistas credenciados, é na verdade um pequeno espaço onde todos trabalham juntos.
No último final de semana, Kevin Hassett, consultor económico de Trump, resumiu o sentimento geral: "É assustador ir para o trabalho".
"Quando voltei, sabia que estava a correr um risco, que estaria mais seguro sentado em casa do que na Ala Oeste, que mesmo com todos os testes (para a covid-19) do mundo e os melhores equipamentos médicos da Terra, é um lugar de bastante aglomeração", disse à CNN.
Os factos estão patentes: a covid-19 está se a aproximar do Presidente e do Vice-Presidente, que agora estão a ser testados diariamente ao novo coronavírus.
O novo coronavírus apareceu oficialmente na Casa Branca há alguns dias: Katie Miller, porta-voz de Mike Pence, Vice-Presidente dos EUA, e esposa de Stephen Miller, um conselheiro próximo de Trump, testou positivo. Um assessor do presidente também.
Depois da porta-voz do seu vice ter testado positivo para a covid-19, Trump avalia limitar os contatos com Pence, embora o vice tenha testado negativo. Diferentemente de muitos líderes mundiais, Trump optou não usar máscara em público, mesmo durante uma visita na semana passada a uma fábrica de equipamentos de proteção médica em Phoenix, no estado do Arizona.
Pence não participou numa reunião na Casa Branca no sábado com Trump e o comando militar, mas esteve na Ala Oeste nesta segunda-feira. "O vice-presidente Pence continuará a seguir os conselhos da unidade médica da Casa Branca e não está em quarentena", disse um porta-voz.
Entretanto, três membros do comité de crise dos EUA para lidar com a pandemia decidiram isolar-se preventivamente: Anthony Fauci, o epidemiologista mundialmente conhecido, que se destacou na luta contra vírus como o do HIV e do Ébola, Robert Redfield, diretor dos Centros de Prevenção de Doenças Infecciosas (CDC), e Stephen Hahn, diretor da agência reguladora de medicamentos americana, a FDA.
Num memorando interno publicado nesta segunda-feira, a Casa Branca pediu a todos os que trabalham na Ala Oeste que usem máscaras ao entrar e ao trabalhar no edifício, a menos que estejam nos seus escritórios.
Outra medida passa pelos os "briefings" na sala de imprensa, sendo que todos os jornalistas têm a temperatura sempre medida antes de entrar na Casa Branca e têm obrigatoriamente de usar máscaras.
Até o momento, os Estados Unidos são de longe o país mais afetado pelo novo coronavírus no mundo, com mais de 80.000 mortes e, embora a situação esteja a melhorar lentamente no estado de Nova Iorque, o epicentro da doença nos Estados Unidos, a pandemia não se tem desacelerado a nível nacional.
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