“Quando precisamos de redes, cooperação e solidariedade europeia, vemos uma prática isolacionista que em nada beneficia uma resposta eficiente do todo sindical, que, para além das diferenças, que existem, precisa de unidade na ação. Quando se impõe ousadia e compromisso, renovação e inovação sindical, temos uma deriva sectária, falta de transparência, duvidosa representatividade, burocracia sindical ao serviço de estratégias alheias e negacionismo da sua própria crise”, lê-se num comunicado hoje divulgado.
No documento, os 34 signatários — ex-membros da Comissão Executiva e do Conselho Nacional da CGTP — denunciam a “ausência de respostas” da organização sindical num contexto marcado por “novos problemas e grandes desafios, como a precariedade, os novos empregos e tipos de contrato ou plataformas”, e numa altura em que “se impõe a redução e reorganização do tempo de trabalho, os algoritmos tomam conta da vida laboral” e “a emergência climática destrói empregos e as multicrises e as transições digital e energética ameaçam os empregos”.
Consideram que a CGTP que saiu do último congresso “adotou um ainda maior fechamento”, ao deixar de ter nos seus órgãos executivos “quem, pela sua representatividade e presença ativa nos locais de trabalho, tem de ser tido em conta e assumir um papel mais relevante na condução da luta que é de todos”.
“Quando, por falta de funcionamento democrático, o Conselho Nacional confederal reuniu dois anos e meio sem a participação de todos os sindicalistas socialistas; quando a simples distribuição das propostas alternativas, vindas da corrente socialista ou da corrente bloquista, foi sistematicamente recusada; e quando se esperaria que o congresso último resolvesse o diferendo e engrandecesse o projeto unitário, este assumiu a rutura e os sindicalistas socialistas ficaram ineditamente fora da Comissão Executiva, para onde, mais uma vez, os sindicalistas bloquistas foram barrados”, sustentam.
Para os signatários do comunicado hoje divulgado, “a composição político-partidária da direção da CGTP não tem hoje autonomia nem correspondência alguma com a realidade sociopolítica em terreno laboral”, sofrendo a central sindical “o domínio e controlo de uma força partidária”.
“Agora, governados pela direita, com a extrema-direita em crescendo, como é possível que seja quando na CGTP-IN a desunião e falta de democracia interna mais se manifesta? O que mais se impõe é o reforço e abertura da organização, a unidade, a capacidade de propor, lutar, negociar com ganhos”, sustentam.
Convictos de que a central sindical é “cada vez menos de massas e muito menos autónoma”, perdendo assim “credibilidade” e “desgastando o seu rico capital histórico”, os ex-dirigentes reclamam que a CGTP recupere a “autonomia”, o “caráter unitário”, adote uma “democracia inclusiva” e desenvolva “um debate amplo e participado”, de forma a “responder às mudanças profundas e novos desafios do mundo do trabalho”.
“Os princípios da CGTP, a sua matriz original, tem de ser recuperada. É preciso democracia interna, controlo democrático e participação sem discriminação! É preciso transparência! É urgente o fim do centralismo autoritário e sectário da atual maioria! É preciso autonomia e independência! É preciso unidade a sério! É urgente que todos os que querem um sindicalismo de classe, democrático, autónomo e solidário tenham lugar e se sintam bem na CGTP!”, rematam.
O documento hoje difundido é assinado pelos ex-membros da Comissão Executiva Adão Mendes, Américo Monteiro Oliveira, Armindo Carvalho Augusta de Sousa, Carlos João Tomás, Carlos Trindade, Eduardo Chagas, Emídio Martins, Fernando Jorge Fernandes, Florival Lança, Maria Conceição Rodrigues, Maria Fátima Carvalho, Ulisses Garrido e Vivalda Silva.
Subscrevem ainda o comunicado os ex-membros do Conselho Nacional António Avelãs, António Gomes, António Guerreiro, António Morais, Augusto Pascoal, Branco Viana, Carlos Amado, Carlos Lopes, Deolinda Martin, Fernando Fidalgo, Fernando Lima, Francisco Alves, João Maneta, José Costa Velho, José Pinheiro Manuel Grilo, Manuel Pinto Silva, Maria Graça Silva, Maria José Miranda e Mariana Aiveca.
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