O Senado (câmara alta do parlamento italiano) decidiu levantar a imunidade do líder do partido de extrema-direita Liga para que seja julgado pela sua política de migração quando era ministro do Interior no Governo de coligação apoiado pelo Movimento 5 Estrelas, anunciaram as agências de notícias AFP e Efe.
Salvini terá de responder pela sua política de portos fechados e por impedir que migrantes resgatados por organizações humanitárias desembarcassem em Itália, mantendo-os durante vários dias trancados nos barcos das ONG.
O ex-ministro será julgado nomeadamente por um caso que remonta a julho passado, quando impediu que 131 migrantes pisassem Itália, obrigando-os a manter-se a bordo de um navio da Guarda Costeira italiana por cinco dias.
No domingo, Matteo Salvini considerou, numa entrevista divulgada pelo jornal La Stampa, que a única coisa que fez foi defender o país.
“É uma loucura, não sei quanto custa em termos de pessoal e de dinheiro demonstrar que sou um criminoso, mas não tenho medo e explicarei que defendi o meu país”, afirmou.
O líder da extrema-direita italiana assegura que aplicou a sua “política de portos fechados” para tentar pressionar o resto dos Estados-membros da União Europeia (UE) a aceitar a realocação destas pessoas.
Em janeiro, e por instrução do próprio Matteo Salvini, a Liga votou na Junta de Imunidade Parlamentar do Senado a favor de permitir o seu julgamento, uma estratégia do partido de extrema-direita que, segundo referiu então a imprensa, visava ganhar notoriedade e votos antes das eleições regionais em Emília-Romanha.
A votação na Junta não é, no entanto, vinculativa e a decisão final cabe apenas ao Senado, que hoje votou a favor de um julgamento.
Salvini encontra-se atualmente na oposição, depois de ter abandonado em agosto passado a aliança governamental que mantinha com o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema), numa tentativa fracassada de provocar eleições gerais antecipadas em Itália.
O M5S e PD acabariam por unir forças para dirigir o país e impedir a subida ao poder de Salvini, uma vez que as sondagens atribuíam na altura ao líder da extrema-direita 36% das intenções de voto.
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