“Eu imaginei que ele [Lula da Silva] pudesse sair pregando a pacificação nacional […]. Acho que ganharia pontos”, disse Michel Temer numa palestra organizada pela agência Efe e a Casa da América que teve lugar na capital espanhola.
O antigo Presidente brasileiro concluiu que Lula “saiu [da prisão] muito emocionado e pregou uma radicalização”, que na sua opinião não é “útil para o país”.
Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, saiu da prisão no dia 08 deste mês, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que alterou a jurisprudência, e proibiu a prisão após condenação em segunda instância dos réus que recorrem para tribunais superiores, como era o caso do ex-líder sindical.
O histórico líder do PT foi preso após ter sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), num processo sobre a posse de um apartamento, que os procuradores alegam ter-lhe sido dado como suborno em troca de vantagens em contratos com a estatal petrolífera Petrobras pela construtora OAS, no âmbito da operação de combate contra a corrupção conhecida como Lava Jato.
Por outro lado, Michel Tener valorizou o facto de o seu sucessor e atual Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não ter “destruído” e, pelo contrário, ter dado “sequência” às reformas económicas do seu Governo, apesar de não concordar com o “estilo de confronto” que utiliza nas suas palavras.
Temer deu o exemplo do que acontece na região brasileira da Amazónia em que, segundo ele, Bolsonaro faz o mesmo que o Governo anterior: “mandar o exército para resolver os problemas”, disse.
“Mas depois tem palavras de confronto, o que cria clima de instabilidade”, afirmou Michel Temer, acrescentando que a “palavra é uma coisa perigosa” e “é preciso ter cuidado”.
Michel Temer alertou contra a radicalização do discurso político no Brasil e no mundo em geral que “atrapalha” e que contrasta com uma “polarização”, mais saudável, que “facilita” o “diálogo” que deve estar sempre presente.
“Vejo muitos a dizer ‘abaixo o capitalismo’ ou ‘abaixo o socialismo’ e não vejo muitos a dizer ‘vamos falar’”, lamentou o ex-chefe de Estado.
Michel Temer assegurou que “há uma visão interna” no Brasil “muito favorável” à luta contra as alterações climáticas e desvalorizou a posição assumida por Jair Bolsonaro nesta área.
“Ele às vezes diz uma coisa, mas depois recua. O recuar é bom no sentido democrático. Significa que ouve as pessoas”, afirmou.
Michel Temer foi Presidente do Brasil de agosto de 2016, quando tomou posse depois da destituição de Dilma Rousseff, até janeiro de 2019.
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