O VOX convocou manifestações para Madrid e todas as 50 capitais das províncias do país e, na capital, reuniu 25.000 pessoas, segundo as autoridades espanholas.
O partido diz que 80.000 estiveram na manifestação de Madrid e que no total das concentrações houve cem mil pessoas.
O líder do partido, Santiago Abascal, fez um comício em Madrid, perante milhares de pessoas com bandeiras espanholas levantadas, contra “os inimigos de Espanha” e “a passadeira vermelha estendida aos golpistas” pelo Governo, liderado pelo partido socialista (PSOE) e a plataforma de forças da extrema-esquerda Unidas Podemos.
Abascal disse que as decisões em Espanha são tomadas nas sedes dos partidos independentistas bascos e catalães, de que o Governo tem dependido para aprovar leis como o Orçamento do Estado no parlamento nacional.
Considerando que o Governo e o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, são “traidores” de Espanha por causa das cedências aos independentistas, Abascal pediu não só a reposição da sedição na lei, como uma nova tipificação do crime de traição no Código Penal.
Abascal defendeu ainda a ilegalização dos partidos independentistas e separatistas, que considerou não respeitarem a Constituição espanhola e “a união nacional”, devolvendo assim uma reivindicação a quem pede a ilegalização do VOX, por veicular ideias xenófobas e alegadamente fascistas.
No mesmo discurso, Santiago Abascal criticou também, sempre tendo como maior alvo o Governo espanhol de esquerda, “a ditadura climática” (numa referência às políticas de resposta às alterações climáticas), as leis relacionadas com os direitos de pessoas transgénero e “o totalitarismo de género” e as políticas de imigração, que “abrem as fronteiras”, seguindo o discurso xenófobo habitual dos partidos de extrema-direita em relação aos estrangeiros.
O líder do VOX, que é atualmente a maior força política no parlamento espanhol, depois dos socialistas e do Partido Popular (PP, direita), referiu ainda a polémica nascida da aplicação recente da nova lei que mudou a tipificação dos crimes de violação em Espanha, que está a ter um efeito inesperado e contrário ao pretendido por haver juízes que estão a baixar penas de homens já condenados por abuso sexual.
O parlamento espanhol aprovou na quinta-feira, numa primeira votação, uma proposta dos partidos no governo em Espanha de revisão do Código Penal que suprime o delito de sedição, que levou à prisão independentistas catalães na sequência da tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017.
O Governo e a esquerda dizem que está em causa a adequação do Código Penal espanhol às legislações europeias e sublinham que o crime de sedição, e a forma como está tipificado em Espanha, foi o argumento usado por outros países para não extraditarem o ex-presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, como pede a justiça espanhola.
Puigdemont vive na Bélgica, fugido à justiça em Espanha, mas nove outros independentistas foram condenados a penas de prisão efetiva.
O atual Governo espanhol concedeu indultos a esses condenados.
Mas para a direita e extrema-direita espanhola, a revisão do Código Penal é apenas mais uma cedência do Governo aos independentistas, uma amnistia, na prática, “dos golpistas” condenados, e o preço que o executivo do socialista Pedro Sánchez tem de pagar aos partidos bascos e catalães pelo apoio no parlamento nacional.
A direita está unida na crítica a este passo do Governo espanhol, mas dividida na forma de protesto.
A extrema-direita do VOX optou pelo apelo à saída hoje às ruas da população e desafiou o PP a somar-se às manifestações e a apresentar uma moção de cesura ao Governo.
Mas os dirigentes do Partido Popular preferiram não se aliar à extrema-direita neste protesto e anunciaram outras iniciativas, como sessões públicas por toda a Espanha, com o título “Em defesa de um grande país”, relacionadas com a eliminação do crime de sedição do Código Penal e as suas implicações, mas também com outros acordos recentes do Governo com os partidos independentistas bascos e catalães.
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