O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, no domingo, último dia da edição 2020 do festival literário que homenageou a imunologista Maria de Sousa (1939-2020), que morreu em abril, vítima de infeção causada pelo novo coronavírus, e a poeta Leonor de Almeida (1909-1983), assinala a informação publicada na página do município.
Na rubrica “Escrita Escuta”, da Rádio Estação, propositadamente criada no âmbito da Feira do Livro do Porto 2020, o autarca sublinhou que o número de visitantes em causa, ainda que provisório “é extraordinário na circunstância atual, regozijando-se com o sucesso em termos organizativos da feira.
“Fizemo-lo pesando e sopesando um conjunto de circunstâncias. Em primeiro lugar, sabemos que ela decorre num espaço público, mas apesar disso é um espaço vedado, com condições para garantir o controlo do número de visitantes. Ao mesmo tempo, a Feira do Livro tem uma característica diferente de qualquer outro programa cultural da Câmara, porque é mais transversal: temos música, poesia, leitura, mas temos também a atividade comercial ligada ao livro. Pressentíamos já na altura que iria ser um setor muito fortemente afetado”, afirmou o autarca, sublinhando que, neste processo, os expositores depositaram “total confiança” no município.
Os resultados, congratulou-se Rui Moreira, estão à vista.
“Acho que foi a vez em que a Feira foi melhor promovida, porque também não podia falhar. E também a própria magia do espaço ajudou. Não é um espaço ignoto”, classificou o autarca, na mensagem.
O curador Nuno Faria, que pela primeira vez assumiu a responsabilidade de programar o festival literário, disse ser vontade da organização que o evento “seja um horizonte de esperança” para todos, mas em particular para os livreiros, editores, alfarrabistas e aos músicos em especial
Rui Moreira aproveitou ainda as últimas horas da edição de 2020 para anunciar que a Feira do Livro do próximo ano vai celebrar a vida e obra do escritor portuense, do século XIX, Júlio Dinis, que “ainda que não seja completamente esquecido, é um escritor cujo mérito carece de reconhecimento”.
“Júlio Dinis é um escritor maravilhoso, que temos de lançar novamente (…) Acho que pode abrir de facto caminho a uma Feira do Livro mais uma vez surpreendente, de um escritor que precisa dessa (re)descoberta”, defendeu Moreira, assegurando que o trabalho da próxima edição começa “já a partir” de hoje.
Júlio Dinis é o pseudónimo literário do médico Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1939-1871), autor de “Serões da Província”, que também assinou na imprensa como Diana de Aveleda, “As Pupilas do Senhor Reitor”, “Uma Família Inglesa”, “A Morgadinha dos Canaviais” e “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, além de teatro e poesia.
A sétima edição da Feira do Livro do Porto decorreu, nos Jardins do Palácio de Cristal, entre 28 de agosto e 13 de setembro, com o mote “Alegria até ao Fim do Mundo”, um verso da escritora Andreia C. Faria, autora residente da iniciativa.
Esta edição da feira teve acessos limitados a 3.500 pessoas, no recinto, em simultâneo, por causa da pandemia da covid-19, que também ditou criação de circuitos e sinalética especial.
O certame contou com a participação de 120 pavilhões e 80 entidades.
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