O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirmou hoje em Coimbra que como a greve de sexta-feira estava “intimamente ligada ao Orçamento do Estado e à ida do ministro ao parlamento” para a sua discussão na especialidade, junto da comissão parlamentar, foi decidido suspender aquela ação de luta.
Mário Nogueira frisou que esta é uma suspensão de greve, mas não a sua anulação, salientando que a Fenprof vai deixar esta ação de luta “em carteira para um momento em futuro próximo”.
Esse momento poderá surgir caso seja apresentada “pelo próximo Governo uma proposta de Orçamento do Estado semelhante à que agora foi chumbada, no dia em que o futuro ministro da Educação se deslocar à comissão parlamentar de Educação para audição sobre a mesma”, asseverou.
Diferente entendimento tem a Fenprof sobre a greve da administração pública marcada pela Frente Comum para 12 de novembro.
Esta “não era uma greve associada à deslocação de qualquer ministro ao parlamento, destinando-se a passar ao Governo e ao país que os trabalhadores da administração pública não se conformam com a desvalorização a que têm sido alvo nem com a degradação dos serviços públicos que não foi iniciada pelo atual Governo, mas prosseguida por ele”, disse Mário Nogueira, em conferência de imprensa realizada hoje à tarde, após reunião do secretariado da Fenprof que decorreu da parte da manhã.
O dirigente sindical apelou a todos os professores e educadores de infância para se juntarem a essa greve.
Para Mário Nogueira, o ‘chumbo’ do Orçamento do Estado para 2022 e a convocação de eleições “não pode nem será visto pelos professores como um problema”, mas antes “como uma oportunidade que o Orçamento do Estado não passe ao lado dos professores” e para que surjam respostas aos problemas que estes profissionais sentem.
“Esta é uma oportunidade para, por fim, neste país haver um ministro da Educação e não um ministro para a Educação”, frisou, considerando que o atual governante apenas aparece em “eventos desportivos”.
Tiago Brandão Rodrigues “desapareceu na educação”, constatou.
Face a um ministro que “bloqueou completamente o diálogo” com a Fenprof, Mário Nogueira acredita que “seja quem for que ganhe as próximas eleições, pior do que hoje existe não é possível, porque o que hoje existe é nada”.
FNE desconvoca greve de 5 e 12 de novembro
Reconhecendo que a possibilidade de dissolução da Assembleia da República retira margem para a reivindicação, articulada com a FESAP, os sindicatos da FNE prometeram retomar a luta noutro momento.
“A alteração do quadro político levou a esta decisão, mas os problemas mantêm-se e o compromisso da FNE com a luta por medidas urgentes que tornem a carreira atrativa e valorizada, pelo combate ao envelhecimento e promoção do rejuvenescimento de educadores e professores, tal como o desafio da plena dotação das escolas com funcionários não docentes, dos diplomas de concursos, do crescimento do investimento em Educação, assim como pela recuperação do tempo de serviço dos docentes, não vai parar”, avisou a estrutura sindical, em comunicado.
A FNE aguarda por “uma melhor oportunidade política” para retomar o diálogo em torno destes temas e para “uma verdadeira negociação” sobre os “graves problemas” dos trabalhadores da Educação.
“A seu tempo, a FNE anunciará um conjunto de iniciativas de protesto e luta no sentido do reconhecimento dos profissionais da Educação e da determinação de condições que promovam a qualidade das ofertas educativas”, avançou a federação.
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