Numa nota enviada hoje à imprensa, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informa que "a organização da Festa do Avante solicitou à Direcção-Geral da Saúde (DGS) um parecer técnico para a realização da habitual Festa do Avante, cuja versão final foi hoje entregue à organização, tal como estava previamente previsto."
Ainda assim, a mesma fonte acrescenta "não divulgará o conteúdo deste parecer, à semelhança de todos os pareceres técnicos entregues até ao momento, cabendo à entidade organizadora fazê-lo, se assim o entender".
A DGS explica que foram realizadas "várias reuniões para adequar a organização do evento às medidas de Saúde Pública inerentes ao contexto da pandemia por COVID-19, em que nos encontramos".
E destaca que "este é um evento com múltiplos espaços e a que se aplicam regras de áreas de restauração, eventos culturais e circulação de pessoas. Na realização de eventos é necessário que estejam assegurados todos os aspetos que permitam salvaguardar não só a saúde dos participantes, mas também da comunidade, como um todo, uma vez que, epidemiologicamente, cada evento comporta riscos."
Para as autoridades de saúde, "a multivariedade da componente social do evento, assim como a participação de cidadãos de várias gerações, faz com que este seja um evento cuja análise é demorada e mais complexa do que os inúmeros eventos que a DGS tem analisado".
Devido à pandemia da covid-19, a 44.ª edição da Festa do Avante!, que se realiza de 04 a 06 de setembro, conta este ano com um terço da lotação (33 mil pessoas).
O Presidente da República manifestou-se hoje preocupado com a indefinição de orientações pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para a realização da Festa do Avante!, considerando que a situação não é boa para ninguém.
“Estamos a cinco dias da realização [da Festa do Avante!] e não se conhece a posição das autoridades sanitárias sobre as regras que entendem que devem presidir à realização. Isto é, não há conhecimento atempado, não há clareza, e não se pode saber se há respeito pelo princípio da igualdade”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Monchique.
O chefe de Estado manifestou a sua preocupação pela “falta de clareza de regras” para a realização da festa do PCP à margem de uma visita às Termas de Monchique, concelho onde vai jantar com autarcas algarvios.
Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de sublinhar várias vezes que “a situação não é boa para ninguém, nem para o Estado”, lembrando que “no fundo, a DGS significa Estado, é uma direção-geral enquadrada no Estado”.
“Não é bom para quem organiza, esta indefinição de regras não é bom para a credibilidade que é fundamental neste momento, porque estamos no meio de uma pandemia que tem conhecido altos e baixos”, referiu.
O Presidente da República recordou que em 26 de maio quando promulgou a lei sobre festas e festivais, alertou para três pontos importantes: “Primeiro, quando as autoridades sanitárias interviessem, interviessem com clareza, a segunda era, de forma atempada para as pessoas com tempo conhecerem as regras do jogo, e a terceira, respeitando o princípio da igualdade, tratar igualmente situações iguais”.
Rebelo de Sousa lembrou ainda que a pandemia de covid-19 tem conhecido altos e baixos, com os valores a subirem “um bocado, estando ainda numa linha que não é de rotura, mas têm subido”.
“Mais do que noutras ocasiões impunha-se que se soubesse com antecedência as regras do jogo, não se sabe. Se conhecessem as regras do jogo com clareza, não se conhece, e se pudesse comparar com outras situações, não é possível”, destacou.
O chefe de Estado afirmou que a situação o preocupa “e não é um bom augúrio a esta distância”, manifestando-se surpreendido que “a cinco dias da Festa do Avante! não sejam conhecidas as regras”.
Questionado sobre se o aumento do número de casos positivos de covid-19 em Portugal pode vir a ter influência na decisão de países emissores de turistas, nomeadamente do Reino Unido, de decretarem novamente restrições a oriundos de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “há que ter atenção e que prevenir”.
“Já disse e penso que é a posição também das autoridades sanitárias. É preciso ter atenção, mas não há neste momento circunstâncias que justifiquem a inversão da última decisão do Reino Unido em relação a Portugal”, concluiu.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 843 mil mortos e infetou mais de 25 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.819 pessoas das 57.768 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da DGS.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
*Com Lusa
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