“A questão dos resultados financeiros da Festa do Avante do ano passado está diretamente relacionada com a campanha que contra ela foi desferida e diretamente relacionada com uma opção que o PCP fez, que foi numa situação extremamente exigente em termos de condições sanitárias", afirmou Ângelo Alves, membro da Comissão Política do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP).
Ângelo Alves falava em conferência de imprensa a propósito dos 76 anos das explosões das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, tendo sido questionado sobre uma notícia do jornal ECO, publicada hoje de manhã, que indica que a edição de 2020 da Festa do Avante teve prejuízos acima dos 900 mil euros.
Sem comentar o “teor ou os valores que estão em causa”, Ângelo Alves afirmou que a notícia “deita por terra uma linha de ataque que foi direcionada contra o PCP no ano passado por alguns que, por razões ideológicas e políticas, queriam impedir a realização da Festa do Avante”.
“Não o conseguiram, e nessa altura argumentaram que o PCP apenas queria fazer a Festa do Avante por razões económicas. Ora essa notícia (…) demonstra que, para o PCP, a realização da Festa do Avante é sobretudo uma afirmação do direito democrático de participação política, e uma afirmação daquilo que é o conteúdo da nossa intervenção política, da nossa base ideológica, da sociedade que queremos construir para o nosso país. É isso que nos motiva a realizar a Festa do Avante, e não os seus resultados económicos”, afirmou Ângelo Alves.
O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP relembrou assim que a edição da Festa do Avante de 2020 implicou “enormes investimentos” para “assegurar as condições sanitárias” que garantissem “segurança para todos os participantes”, numa situação "extremamente exigente" devido à pandemia.
“É óbvio que isso teria resultados financeiros, teria um impacto financeiro na Festa do Avante. Mas (…) não foi a questão financeira que nos levou, logo a seguir ao 25 de abril, a realizar a Festa do Avante, e seguramente continuará a ser assim. Ou seja, não será o resultado financeiro que nos irá fazer decidir realizar ou não a Festa do Avante”, afirmou.
Ângelo Alves afirmou assim que a Festa do Avante continuará a ser assegurada, mostrando-se confiante de que a edição deste ano será “uma grande festa e uma bonita festa”, numa altura em que o PCP “está a assinalar o seu centenário de vida e de luta”.
“A questão é política, é ideológica, e é de afirmação da democracia, da participação popular na política, ligando a política à cultura, ao desporto, à vivência coletiva, à construção coletiva, de algo que depois é palpável naqueles três dias”, frisou Ângelo Alves.
O jornal ECO noticiou hoje que a edição da Festa do Avante de 2020 teve um prejuízo de 930 mil euros, um aumento de 65% do resultado negativo de 2019.
Segundo o jornal, o evento, que se realizou em 03, 04 e 05 de setembro de 2020 e que foi organizado segundo um parecer técnico da Direção Geral da Saúde (DGS) – que proibiu a venda de álcool a partir das 20:00 e reduziu a lotação permitida dos habituais 100 mil participantes para 16,5 mil – registou despesas na ordem um milhão e 700 mil euros, para receitas de 846 mil euros.
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