Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, Joaquim Guerreiro conta que, devido ao trabalho que desenvolveu na última década para as marchas populares, foi contratado naquele ano pelas marchas do Alto do Pina, da Bica e da Boavista, com as quais firmou contratos escritos, tendo assumido ainda “um contrato apalavrado” com a marcha do Lumiar.
“Nesses contratos, como em todos, havia condições que se impunham verificar e que não se verificaram, sendo que as que mais afetaram os contratos foram a falta de dinheiro por parte das coletividades, que não conseguiram pagar-me as tranches acordadas nas datas acordadas”, relata.
Apesar destes problemas, frisa, foi realizando os trabalhos, juntamente com a sua equipa.
“Como tenho conhecimento das dificuldades financeiras das coletividades, fui avançando os trabalhos da forma que me foi possível, compreendendo o esforço financeiro a que cada uma delas teve de se sujeitar e que infelizmente se estendeu a mim”, explica.
O apoio da Câmara de Lisboa, segundo Joaquim Guerreiro, “foi disponibilizado às coletividades quando faltavam apenas três semanas para os trabalhos terem de estar prontos”, à semelhança do que aconteceu em edições anteriores.
"Apesar de todas as minhas diligências e esforços, e ainda com pleno conhecimento dos factos pela parte das coletividades, não me seria possível ter os trabalhos concluídos se não tivesse o auxílio das mesmas”, sublinha.
No entanto, o figurinista teve de se ausentar por um dia “para descansar e tratar de assuntos pessoais”, deixando os trabalhos em curso entregues à equipa.
“Quando tentei regressar ao trabalho, fui alvo de injúrias, ameaças e agressões e vi o meu ateliê invadido e pilhado por populares liderados por algumas dessas coletividades, tendo-me esse facto causado um prejuízo estimado na ordem dos 120.000 euros”, conta.
Joaquim Guerreiro diz que houve uma acusação formal por parte do bairro da Boavista por alegada burla qualificada, mas esclarece que “foi imediatamente arquivada”. Em relação aos bairros da Bica, do Lumiar e do Alto do Pina, “nunca fizeram qualquer tipo de acusação seja ela civil, seja criminal” contra si, porque, segundo o figurinista, “nunca houve motivo para isso”.
"Movo neste momento processos cíveis por incumprimento contratual contra algumas das coletividades envolvidas em 2016 e alguns processos-crime contra alguns particulares e algumas das coletividades também", acrescenta.
Em junho de 2016, o então responsável pela marcha do Alto do Pina, Pedro Jesus, disse que as marchas iriam avançar com uma ação judicial, alegando incumprimento do prazo pelo figurinista, que não as impediu de sair à rua, mas que, afirmou, acarretou prejuízos de alguns milhares de euros.
O responsável pela marcha da Bica, Pedro Duarte, confirmou na altura a intenção de interpor a ação, enquanto a marcha do Lumiar referiu que o prejuízo não foi significativo a nível financeiro.
Em março de 2017, as marchas da Bica e da Boavista ainda reclamavam justiça – a primeira mantinha a intenção de avançar com um processo judicial; a segunda viu uma queixa-crime ser arquivada pelo Ministério Público e decidiu recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça, segundo a responsável, Gilda Caldeira.
No Lumiar, Artur Botão explicou então que a última tranche do valor contratado não foi paga “porque o trabalho não foi entregue pronto”, mas indicou que a marcha desistiu de apresentar queixa, e o Alto do Pina contratou novamente o figurinista em 2017, com um acordo que a marcha considerou compensatório.
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