Em declarações à agência Lusa, o presidente da CVRA, Francisco Mateus, recordou que as vinhas são plantadas por iniciativa dos empresários e dos produtores, que “certamente farão as contas necessárias” para chegarem à conclusão se devem ou não plantar mais nos terrenos.

“Eu acho que nós não temos vinhas a mais, nós podemos é, em determinados momentos, estar com um excesso de produção ou com um excesso de ‘stock’ que tem a ver com anos melhores em termos de produção, tem a ver também com a diminuição de vendas”, disse.

Francisco Mateus acrescenta que “há momentos em que as situações agudizam”, mas o “problema grande” é quando esse agudizar de situação “conduz a situações estruturais” que depois não se conseguem resolver facilmente no setor.

“Eu penso também que o alerta do senhor ministro é para isso, temos que repensar as várias medidas que temos em cima da mesa, os efeitos que elas estão a ter para tentarmos ter um futuro mais equilibrado em termos de produção da vinha e depois em termos de comércio”, defendeu.

A CVRA, criada em 1989, é responsável pela proteção e defesa da Denominação de Origem Controlada (DOC) Alentejo e da Indicação Geográfica Alentejano, certificação e controlo da origem e qualidade, promoção e fomento da sustentabilidade.

O Alentejo é líder nacional em vinhos certificados, com cerca de 40% do valor total das vendas num universo de 14 regiões vitivinícolas em Portugal.

Em entrevista hoje ao jornal Publico, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, refere que Portugal tem um problema com o ‘stock’ de vinho por escoar e que é preciso “um travão, caso contrário estamos a deitar dinheiro fora”.

Para Francisco Mateus, o ministro da Agricultura fez no decorrer da entrevista uma “interpretação realista” dos dados, nomeadamente no que diz respeito ao programa Vitis, uma medida de apoio à reestruturação e reconversão de vinhas.

“Eu diria que me parece que o senhor ministro está a fazer uma interpretação realista dos dados naquela parte relativa ao Vitis. Acho que falta aqui acrescentar uma questão que é o facto de o Vitis ter de ser visto como uma medida do garante da competitividade”, disse.

O Vitis, segundo relembrou o presidente da CVRA, “aprova a reestruturação ou conversão de vinhas”.

“O senhor ministro na entrevista faz também uma referência à questão climática, e muito bem, e eu vejo que dentro da medida do Vitis existe a possibilidade de financiar essa adaptação, do Vitis financiar a introdução de sistemas avançados de produção sustentável. O Vitis não deve ser visto como um problema, mas parte da solução”, concluiu.