Segundo o comunicado enviado às redações pelo movimento climático, a recusa dos estudantes em sair do gabinete deu-se depois de uma reunião em que "desafiaram" o diretor da Faculdade de Letras "a arranjar mais 300 pessoas comprometidas a fazer resistência civil no porto de Sines para 'parar o gás'", a 13 de maio.

"Não podemos continuar a deixar que a sociedade, incluindo esta instituição, se desresponsabilize daquela que é a tarefa de todos: travar as alterações climáticas", referiu um porta-voz do movimento climático, para justificar a ocupação do gabinete.

De acordo com a nota, "a polícia já foi chamada ao local e já está na FLUL". Ao SAPO24, fonte da Faculdade de Letras confirma a presença de dois agentes da autoridade, mas não justifica o motivo.

De recordar que os estudantes estão "acampados dentro da Faculdade desde 26 de abril". Os jovens ativistas estão também a fazer ações de protesto pelo clima noutras escolas de Lisboa e no Algarve, como é o caso da Faculdade de Psicologia e do Instituto Superior Técnico, da Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão, em Lisboa, e da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro.

Ativistas encerram pelo segundo dia consecutivo escola António Arroio em Lisboa

Por sua vez, a Escola Artística António Arroio, em Lisboa, encerrou hoje pelo segundo dia consecutivo no âmbito dos protestos pelo fim dos combustíveis fósseis.

“Não está ninguém na escola. Estamos nós, só os ocupas, alguns professores e auxiliares. Não há aulas a decorrer”, disse Leonor Pera, porta-voz do núcleo daquele estabelecimento de ensino do movimento “Fim ao Fóssil Ocupa!”.

A ativista climática falava à Lusa por telefone, após uma reunião com o diretor da instituição, Rui Madeira, que, segundo os estudantes, demonstrou apoio.

“O diretor apoia-nos, mas como é diretor da escola não pode apoiar a 100%. Tem de responder a outras preocupações… Do Ministério [da Educação], da associação de pais, entre outras coisas, mas foi bom perceber que está do nosso lado”, observou.

Sobre o encontro com a direção, Leonor Pera disse que os alunos chegaram a um acordo e que “foi exigida a reivindicação para que, no próximo ano letivo, o tema [das alterações climáticas] seria abordado nos 11.º e 12.º anos”.

“Chegámos ao consenso de que amanhã, às 08:30, a escola vai estar fechada. Nós vamos fechar, mas vamos ser nós a abrir, ou seja, às 08:30 estamos a fazer barulho e a escola vai estar fechada, mas assim que os alunos chegarem somos nós que abrimos, como uma cerimónia de abertura”, indicou.

Leonor Pera explicou que os ativistas não vão ocupar a escola por muito mais tempo porque estão a decorrer formações em contexto de trabalho e preparações para a prova de aptidão artística – dois “elementos de avaliação muito importantes para o 12.º ano”.

“Os protestos com tambores e megafones vão acabar amanhã [quinta-feira]. Amanhã [quinta-feira] será o último dia em que vamos fazer [barulho], vamos protestar de outra forma. Vamos colocar imensas faixas dentro da escola e vamos escrever um comunicado”, para ser lido nas aulas, salientou.

Ao início da manhã de hoje, os estudantes voltaram a fechar escola com um cadeado, que foi cortado pelo diretor pelas 09:00.