Foi talvez a primeira grande “night out” desde que a pandemia de Covid-19 suspendeu eventos e celebrações que envolvessem um número significativo de pessoas juntas no mesmo sítio. A Met Gala não é um evento tipicamente americano – é um evento tipicamente nova-iorquino e, como se pôde avaliar pela noite de ontem, as celebridades, do cinema à política, continuam a adorar estes espaços para as suas manifestações, sejam elas desconhecidas do público, sejam manifestos ou estejam simplesmente a dar nas vistas.
O que é afinal a Met Gala? Citando o New York Times, “pode ser chamado o que quisermos, mas é a festa de Anne Wintour [diretora da Vogue americana]”. É isso com um pretexto nobre de angariação de fundos para o Metropolitan Museum of Art Costume.
Costumava ser na primeira segunda-feira de maio, mas ... pandemia e este ano acabou por se realizar na segunda segunda-feira de setembro e com um terço das pessoas na lista face ao que seria habitual – mas ainda assim um número redondo de 400 pessoas de peso.
Na primeira edição pós-confinamento os anfitriões da noite foram todos da dita Geração Z: Amanda Gorman, a poetisa de 23 anos que protagonizou a cerimónia de tomada de posse de Joe Biden, a tenista e ativista de saúde mental Naomi Osaka, também de 23 anos, o ator Timothée Chalamet, de 25 anos e Billie Eilish, que é Billie Eilish e tem apenas 19 anos.
Os bilhetes custavam 35 mil dólares e uma mesa podia custar entre 200 mil e 300 mil dólares - sendo que isso não dá o direito a quem compra de escolher livremente a quem dá lugar num dos eventos mais cobiçados da cidade.
A Met Gala tem um simbolismo especial neste setembro dos regressos, em que o Open de Ténis dos Estados Unidos voltou a ter bancadas cheias e os teatros reabrem na Broadway.
Fiel à tradição de garantir imagens memoráveis de estrelas e celebridades no desfile pela passadeira vermelha, a gala deste ano não desiludiu: uma Kim Kardashian totalmente de negro (totalmente é totalmente, vejam-se as fotos) garantiu o seu lugar no ranking-daqueles-de-quem-se-fala, Billie Eilish exigiu ao estilista que a vestiu (Oscar de la Renta) que fizesse as futuras roupas totalmente fur-free (sem usar peles de animais) e a congressista Alexandra Ocasio Cortez, conhecida pelas suas posições políticas à esquerda na ala democrata americana, escreveu no vestido “tax the rich”, uma mensagem que pelo menos não terá falhado o público alvo.
Em 2019, a Met Gala angariou 15 milhões de dólares e a prova que Anne Wintour sabe organizar festas é que outras galas, como as do New York City Ballet, não foram além dos 2,3 milhões.
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