Segundo a página do Governo na rede social Facebook, “a ofensiva das FACA [Forças Armadas Centro-Africanas] e das forças aliadas de Boyali [uma aldeia situada a 90 quilómetros de Bangui]” resultou na captura de três prisioneiros e em 44 mortos, “incluindo vários mercenários chadianos, sudaneses e fula”.
Em 17 de dezembro, seis dos grupos armados rebeldes que ocupam dois terços da RCA aliaram-se na Coligação de Patriotas para a Mudança (CPC), tendo, em 19 de dezembro, oito dias antes das eleições presidenciais e legislativas, anunciado uma ofensiva para impedir a reeleição do Presidente, Faustin Archange Touadéra.
Desde aí, Bangui tem sido bloqueada pelos principais grupos armados, que realizaram vários ataques a importantes estradas nacionais que ligam a capital a países vizinhos.
O anúncio do Governo, ainda não confirmado por fontes independentes, representa um balanço positivo para as autoridades centro-africanas.
Na quarta-feira passada, a missão das Nações Unidas na RCA, Minusca, criticou as tentativas de os rebeldes no país asfixiarem a capital, Bangui, alertando para a “tragédia social e humanitária” que poderá afetar a população.
Segundo as Nações Unidas, o preço de alguns produtos essenciais aumentou pelo menos 50% em alguns lugares do país, o segundo mais pobre do mundo e com mais de um terço da população a enfrentar um elevado nível de insegurança alimentar.
A reeleição na primeira volta do Presidente, Faustin Archange Touadéra, com 53,16% dos votos, foi validada em 18 de janeiro pelo Tribunal Constitucional, que rejeitou recursos dos opositores que alegavam “fraude eleitoral generalizada”.
Touadéra tinha sido declarado reeleito em 04 de janeiro após uma votação que foi contestada pela oposição e na qual apenas um em cada dois eleitores recenseados teve a oportunidade de votar por causa da insegurança fora da capital, Bangui.
O tribunal validou a taxa de participação eleitoral em 35,25%, muito abaixo dos 76,31% anunciados provisoriamente pela comissão eleitoral em 04 de janeiro.
A missão das Nações Unidas no país, Minusca, perdeu, pelo menos, sete Capacetes Azuis desde o lançamento, no final do ano, de ataques coordenados e simultâneos dos grupos armados reunidos na coligação anti-Balaka, aliados do antigo presidente François Bozizé.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a Minusca e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.
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