“Não importa quanto tempo possa demorar e não interessa o que temos de fazer. Vamos cumprir a nossa missão e vamos destruir o Hamas”, disse à Lusa o comandante de um tanque que aguarda ordens num dos locais perto de Gaza onde se concentram as forças de Israel.
“Penso que tudo isto foi provocado pela grande confusão que começou com um grande ataque do Hamas. Agora, a nossa missão e o nosso objetivo é voltar a ter o nosso país de volta. Este é o nosso país, temos de nos defender e agora o que nós queremos é atingir e destruir completamente o Hamas”, diz o mesmo oficial de 33 anos, que falou sob a condição de anonimato.
A agência Lusa acompanhou hoje a instalação de uma unidade de blindados, acompanhados por forças de infantaria perto da Faixa de Gaza.
Integrados nas Forças Armadas encontram-se milhares de reservistas, a maior parte jovens que foram incorporados após o ataque de grande envergadura do Hamas na semana passada.
“Nós estamos aqui. Este ataque do Hamas (7 de outubro) mudou a mentalidade das pessoas. Antes, metade das pessoas (em Israel) pensavam de uma maneira e a outra metade pensava de forma contrária, mas agora a situação é diferente. Agora estamos unidos e reforçados”, diz o oficial quando questionado sobre a questão palestiniana.
Além de tanques, esta força blindada de grandes dimensões é acompanha de veículos de transporte de tropas e carros de apoio direto aos soldados.
Nas regiões a norte e a leste de Gaza, a circulação de veículos militares intensificou-se e as unidades de polícia especial controlam as estradas sendo que alguns pontos estão mesmo bloqueados.
“Estamos preparados, estamos motivados. Temos a população que é o mais importante. Temos armamento. Temos o que é preciso”, acrescenta o militar.
No interior do perímetro militar as tripulações dos tanques trabalham na montagem de equipamento enquanto as companhias de infantaria “garantem segurança” à zona de acesso militar restrito.
Hoje, uma semana após o ataque do movimento islâmico que controla Gaza, os bombardeamentos de artilharia de campanha de Israel intensificaram-se sobretudo contra a zona central do enclave.
O Hamas, por outro lado, demonstrou capacidade de fogo disparando vários foguetes sobretudo contra a cidade de Sderot sendo que alguns projéteis foram também lançados contra Ashknot, junto à costa, a norte de Gaza.
Os militares falam de unidade e de alcançar a paz através da guerra e acusam o Hamas de ter feito “explodir” a guerra.
“Queremos o nosso país com paz e amor. Nós não queremos guerra. Não desejamos guerra, mas as coisas são o que são”, concluí o militar.
Mais à frente, a tripulação de um outro blindado junta-se para gritar “canções de guerra” e palavras de “louvor” às Forças Armadas.
Ao lado, sentada na torre de um tanque uma militar com os cabelos muito compridos fumava um cigarro enquanto encara a troca de fogo em Gaza. Quando acabou o cigarro, a soldado enrolou outro cigarro e continuou a olhar para o mesmo sítio.
* Pedro Sousa Pereira (texto) e Manuel de Almeida (fotos), enviados da agência Lusa
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