O antigo coordenador bloquista Francisco Louçã subiu hoje ao púlpito da XIII Convenção Nacional do BE com discurso dedicado exclusivamente às críticas à maioria absoluta do PS, que foi festejada pelos socialistas “numa noite de inverno do ano passado”, quando “alguns menos rosa suspiraram de alívio” por pensarem que tinham evitado um Governo com a extrema-direita.
“Quem votou no PS sabe do desastre social e da sua desilusão. Palavra dada não foi palavra cumprida. O que magoa nem são os casos, é o vírus do descaso, o deixar andar. Isso apodrece a República”, defendeu.
Na opinião do bloquista, “o desastre da maioria absoluta está a corroer a confiança democrática”, um perigo que “não vem de fora”, mas sim de dentro.
“A maioria absoluta não será salva. Ela morreu-se, mas é na solução para as pessoas expulsas das suas casas pela especulação e na recuperação do salário amputado pelos juros e pela inflação que se fará forte a esquerda de Portugal”, antecipou.
Francisco Louçã usou palavras emprestadas do músico brasileiro Chico Buarque para se dirigir “às vitimas da maioria absoluta”.
“É preciso espantar este tempo feio, espantar o tempo feio. Assim se fará forte a esquerda”, disse.
Para o antigo do líder, um “ano depois a maioria absoluta é um fantasma”, perguntando aos que a festejaram naquela noite de janeiro de 2022 o que “fizeram da vitória e onde está a estabilidade que prometeram a Portugal”.
“Alguém se lembra de tanta ‘encrenca’ como a destes meses, salvo talvez com Durão Barroso e Santana Lopes”, perguntou, criticando ainda os problemas na saúde para perguntar “o que é que estão a fazer que mata o SNS”?
E por isso Louçã falou aos que votaram no PS para lhes lembrar uma “inflação alimentar é em Portugal o dobro da espanhola” e o problema da habitação para que nada foi feito.
“Alguns dirão que a maioria absoluta não chegou ao ponto de ter um ex-governante, Oliveira e Costa, à frente de um banquete em que nadaram dirigentes do PSD, até os auto ungidos mais honestos do planeta. Fraca consolação”, ironizou.
Antes, um outro fundador do partido, Luís Fazenda, respondeu a algumas críticas que se ouviram ao longo da convenção sobre o posicionamento do partido face à guerra na Ucrânia e defendeu que “se os ucranianos decidirem partilhar o território é uma decisão deles, até lá, é uma luta de autodeterminação nacional” e o BE tem de ser solidária com ela.
“Ou a esquerda toma conta da questão nacional e respeita o princípio da autodeterminação dos povos ou os fascistas avançam com o nacionalismo reacionário”, sublinhou.
O dirigente alertou ainda que, no contexto atual, ” a dívida portuguesa tenderá a crescer e a estrangular ainda mais a capacidade do investimento público em Portugal”.
“O BE, ao contrário do PS e de toda a direita, põe em causa este modelo europeu e demarcamo-nos”, destacou.
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