“Acho que o Bloco mudou o mapa político português, trouxe inovação, capacidade e, ao fim de 20 anos, pôde mostrar que tem mais força, porque tem mais raiz, tem mais capacidade, aprende, e isso é o que faz a força”, defendeu Francisco Louçã, à entrada para a XIII Convenção Nacional, que arranca hoje em Lisboa.
O fundador considerou que o BE “ganhou mais raiz, ganhou mais força, mais capacidade” ao longo dos últimos anos, sustentando que “conhecer melhor as cuidadoras informais, as dificuldades dos enfermeiros, dos professores, perceber como é que os estudantes lutam pelas alterações climáticas, isso é força, e ganhar raiz”.
Sobre o resultado nas últimas eleições legislativas, no qual passou de 19 deputados para cinco, Francisco Louçã referiu que o BE “tem recuperado muito”.
“Acho que tem honra de ter dito ao país que não podia haver um orçamento que fechasse as portas ao SNS, eu orgulho-me que tivesse havido essa coragem [...] Quem é que se atreve a dizer que o SNS não é decisivo para a democracia e para cada pessoa? Que o Bloco se bata por isso, acho muito bem que o faça com mais força, porque é assim que tem de ser”, defendeu.
Sobre a coordenadora nacional cessante, Catarina Martins, que ocupou o cargo durante uma década, Francisco Louçã apontou que “foi extraordinária, porque marcou um período de amadurecimento”.
“Foi por causa dela e com ela que se fez a geringonça, foi por causa dela e com ela que foi possível fazer um acordo com o PS e com o PCP para afastar uma direita que tinha sido derrotada nas eleições, e dar a isso um conteúdo concreto, um contrato, que as pessoas sentiram cada dia. E quem hoje compara uma maioria absoluta com o poder todo com o que foi a estabilidade, a segurança, o progresso, a confiança que houve no tempo da geringonça bem pode perceber a diferença”, salientou.
Sobre Mariana Mortágua, candidata à liderança cuja moção conseguiu eleger 81% dos delegados, o antigo líder afirmou que “é uma pessoa que tem uma capacidade de trabalho extraordinária, um encanto enorme e uma grande vontade de criar movimento, de fazer parte de um campo social que ajude Portugal a uma mudança”.
“E essa característica, essa dedicação, essa perceção da dívida que temos para com as pessoas que têm dificuldades, as pessoas que são mais pobres, os pensionistas, os jovens, as pessoas que não tem casa, isso é o que faz a grandeza de quem quer ajudar o país e responder perante o país. Será um imenso trabalho, desejo-lhe o maior sucesso”, realçou.
Questionado sobre as críticas à atual liderança de falta de debate interno, o fundador salientou que “houve vários meses de debate e no Bloco há uma coisa que não acontece em nenhum outro partido, todas as pessoas se exprimem livremente, podem formar-se listas, essas listas estão presentes em todas as assembleias com o mesmo tempo de debate que tem a maioria cessante”.
Sobre a possibilidade de existir uma nova solução semelhante à geringonça, Francisco Louçã ressalvou que as eleições legislativas estão “muito longe, não vale a pena fazer agora cálculos”.
A XIII Convenção Nacional do BE, que vai eleger a nova liderança, começa hoje em Lisboa com um arranque dominado pelo discurso de despedida de Catarina Martins, a apresentação e discussão das moções em disputa e as intervenções dos delegados.
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