François Hollande discursava no Fórum Mundial do Turismo, inaugurado hoje no Centro de Convenções de Talatona, a sul de Luanda, sobre o tema “Visão sobre o Turismo no Mundo: Desenvolvimento e Inovação”, intervenção em que lembrou a experiência da França, primeiro destino turístico mundial e o quinto maior país do mundo em receitas provenientes do setor.
Segundo o antigo Presidente francês (2012-2017), o mercado africano ainda representa apenas 5% do turismo mundial, mas tem vindo a crescer de forma consistente e significativa, o que não espantará ninguém se duplicar o número de turistas até 2030, considerou.
Sobre Angola, cujo Governo está a tentar avançar com o desenvolvimento do turismo, Hollande aconselhou as autoridades a respeitarem as “sete regras de ouro” no setor, com a primeira a passar por um investimento criterioso e de qualidade nas infraestruturas de transportes, aeroportos, estradas e unidades hoteleiras.
De acordo com Hollande, Luanda terá também de encontrar um operador para garantir a gestão dos equipamentos turísticos, definir locais de exceção para assegurar a atração de turistas e diversificar a oferta, valorizando o património local, bem como a formação, “com elevado nível de qualidade”, de funcionários para os diferentes níveis da hotelaria.
A esse respeito, o antigo chefe de Estado francês indicou que França e Angola já assinaram um acordo de cooperação que tem vindo a formar quadros com “alto nível de profissionalismo” para apoiar o turismo angolano.
Ainda como regras fundamentais, Hollande indicou ser necessária uma promoção turística do país no estrangeiro, visando todo o tipo de clientela, e criar ligações aéreas e terrestres de qualidade.
Como última “regra de ouro”, o ex-Presidente francês falou sobre a questão da segurança, algo que o turista mais consulta nas diversas plataformas digitais existentes antes de viajar.
“A insegurança é dissuasora. A atualização constante das informações sobre cada país na internet é primordial. Não se viaja em turismo para zonas onde reina a insegurança”, defendeu, lembrando também a importância dos pacotes turísticos massificados promoverem a proteção do ambiente.
“Não há políticas de turismo sem política de defesa e proteção do ambiente. Ninguém vai visitar rios em que as águas são poluídas”, exemplificou.
Após a intervenção, Hollande foi recebido pelo Presidente angolano, João Lourenço – encontro que esteve inicialmente previsto para o início da manhã e que acabou por ser realizado ao princípio da tarde -, tendo, no final, elogiado a “visão estratégica” do chefe de Estado de Angola na promoção do turismo como fator de desenvolvimento.
“O Presidente João Lourenço entendeu o que é o turismo. Não, simplesmente, na visão de visita de pessoas, mas no que o turismo pode proporcionar ao desenvolvimento das artes, do comércio e de outros setores da economia angolana”, afirmou François Hollande, dizendo acreditar nas potencialidades de Angola e nas “grandes oportunidades” de investimento para nacionais e estrangeiros.
O 24.º Presidente da República Francesa, que já tinha estado em Angola em 2015, tendo, na altura, mantido um encontro com o então Presidente José Eduardo dos Santos, declarou que o empresariado do seu país pode ajudar a desenvolver o turismo em Angola, dada a capacidade e experiência que tem em domínios como o hoteleiro.
Hollande acrescentou que o seu sucessor, Emmanuel Macron, deverá visitar Angola em 2020, no quadro do reforço da cooperação bilateral nas áreas económica, do turismo e da defesa.
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