“Temos assistido nos últimos tempos, principalmente no mercado chinês, a algumas situações muito anómalas relativamente à origem de vinhos, com substituições integrais do produto ou com substituições parciais (…). Às vezes utilizam réplicas tão bem feitas que começa a ser muito difícil detetá-las”, avançou à agência Lusa Paulo Barros, secretário-geral da Associação de Laboratórios de Enologia (ALABE).
À margem da cerimónia da apresentação do congresso internacional ‘Wine Track 2018’, que está agendado para o próximo dia 26 de outubro, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, o secretário-geral da ALABE, associação sem fins lucrativos, explicou que é essencial cruzar informação e armazenar a “informação da garrafa”, “rótulo”, “vinho” e de todos os componentes para fazer a caracterização do produto e saber “detetar precocemente essas fraudes”.
Durante a VI edição da ‘Wine Track 2018’ (Caminhos do Vinho), no Porto, são esperados cerca de 350 congressistas, entre cientistas e profissionais do setor do vinho, e um dos principais objetivos é discutir a fraude e a contrafação a nível mundial, que são responsáveis “por prejuízos e quebra de credibilidade” nas empresas.
“Isto é um aspeto da maior importância para a economia de um país (…). Não só para o Estado, que cobra taxas - e que se houver uma via paralela deixa de as cobrar -, como para o consumidor, que quer produtos autênticos, não quer beber algo falso. O consumidor quer saber exatamente qual é a origem do produto e garantir que está integralmente na garrafa o que acabou de comprar, às vezes por preços elevados. Portanto, não quer ser ludibriado”, referiu Paulo Barros.
Para o secretário-geral da ALABE é “fundamental” alertar para o problema das fraudes e colocar a comunidade científica e internacional a trabalhar “com todos os meios do saber, aliando-os às potencialidades dos equipamentos que hoje são cada vez mais “sofisticados”.
“A fraude é tão mais apetecível quanto maior o valor da garrafa”, referiu ainda, acrescentando que as fraudes não incidem em vinhos de baixo valor, “mas em exemplares em que interessa economicamente, em que é compensador a substituição do produto”, como por exemplo, no Pêra-Manca ou no Barca Velha.
No congresso ‘Wine Track 2018’, que é organizado pela Société des Experts Chimistes de France e pela ALABE, tendo como parceiros a Organization Internationale de la Vigne et du Vin, pretende-se mostrar os caminhos para rastrear o percurso do vinho e chegar à verdadeira origem do produto.
“Temos biliões de garrafas que circulam entre países, entre produtores e consumidores neste mercado global. Mas de alguma forma, tem de se poder estabelecer a ligação ao local onde foram produzidas”, defendeu Paulo Barros.
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