Em declarações aos deputados da comissão parlamentar de Saúde, onde hoje foi ouvido, a pedido da Iniciativa Liberal, sobre a rutura de medicamentos, João Almeida Lopes sugeriu que, a este nível, se optasse pelo “sistema à americana”.
“O governo americano define a reserva estratégica e contrata com os produtores de cada produto, faz um contrato tipo de 10 anos, e diz, por exemplo, que quer para o país 500.000 unidades de paracetamol. Essa empresa tem de ter sempre essa disponibilidade, mas esse 'stock' vai rodando”, exemplificou, sublinhando que “neste caso, a empresa está sempre a vender, mas tem de ter sempre em 'stock' aquela quantidade”.
“Isto era um mecanismo muito mais simples, que as empresas agradeceriam, quando muito subiam um pouco os seus 'stocks' de segurança, saía um bocadinho mais caro, mas era um sistema muito mais inteligente, muito mais prático e eficaz e as empresas eram obrigadas a gerir a reserva estratégica”, afirmou.
João Almeida Lopes criticou a forma como em Portugal se gere esta questão, colocando os medicamentos da reserva estratégica em armazém: “fica lá à espera de uma guerra nuclear, que esperemos nunca venha, e entretanto passa o prazo de validade, vai para o lixo e depois comprar mais”.
Questionado sobre os motivos da falta de medicamentos, o presidente da Apifarma apontou vários fatores, sublinhando que o preço é apenas um deles e destacando a perda de capacidade produtiva da Europa, e de Portugal, nos últimos 20 anos.
A este propósito, considerou que, no que se refere ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “teria feito sentido pensar-se em fazer qualquer coisa em Portugal em termos de princípios ativos, desafiando empresas de base nacional, ou não” a fazer uma unidade industrial para a produção de princípios ativos.
“Como os franceses se atiraram agora para fazer uma fábrica para o paracetamol”, exemplificou, lamentando que “às vezes perdem-se oportunidades”.
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