“Atualmente, os fumadores, que são os que têm a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), ficam à espera dos 40 anos para lhes falarem na espirometria. A Fundação Portuguesa do Pulmão acha que se deve fazer a espirometria tão cedo quanto possível, isto é, desde que se assumem como um fumador”, disse à agência Lusa o presidente da FPP, José Alves, a propósito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala na quinta-feira.
O pneumologista explicou que a espirometria é um exame tão importante como a medição da tensão arterial para um hipertenso ou da glicemia para os diabéticos. Mas apesar da espirometria dar “uma ideia assertiva da qualidade da saúde dos pulmões” só é acessível a alguns.
“É preciso insistir no diagnóstico precoce e no ensino da população”, disse José Alves, defendendo que este exame deve ser acessível aos fumadores, sobretudo aos mais jovens, para deteção precoce de “alterações espirométricas”.
A questão que se coloca é “se os miúdos com 18 ou 19 anos vão alterar os seus hábitos tabágicos tendo em vista a doença”, uma vez que “os adolescentes e os jovens adultos estão convencidos que são eternos”, mas “é melhor isso do que não fazer coisa nenhuma e deixá-los perder a função respiratória”.
O especialista explicou que só quando se perde definitivamente 40% da função respiratória é que aparecem as queixas. “As pessoas têm a doença a progredir, mas não se apercebem disso porque não têm queixas. Não têm falta de ar, quanto muito têm tosse que atribuem ao tabaco e não ficam preocupados”.
Para sensibilizar a população, a FPP vai realizar uma campanha nacional, juntamente com as farmácias aderentes, para a realização gratuita de espirometrias aos fumadores que nunca tenham realizado este exame.
Para a realização deste teste são necessários um técnico especializado e um médico, a quem cabe a leitura do resultado. Apesar de tudo isto, José Alves considerou que a democratização das espirometrias é exequível, através de programação e organização.
“Marca-se um dia e faz-se, nesse mesmo dia em que o técnico se desloca às farmácias, uma série de exames, que depois o médico vai poder avaliar.” Gastos que, com a deteção precoce, se transformam numa “poupança enorme. Não estamos a querer tirar o protagonismo ao Serviço Nacional de Saúde, a quem cabe a realização destes exames. Mas a disponibilizarmo-nos para o fazer a quem não tem acesso fácil e rápido. É esse o nosso objetivo”.
Segundo dados recentes, a DPOC atinge cerca de 14% da população portuguesa com mais de 45 anos “e está ainda subdiagnosticada”. Atualmente, estima-se que a doença afete nível mundial 250 milhões de pessoas, prevendo-se que, em 2030, seja a terceira causa de morte”.
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