“Existe crescente insegurança a nível internacional e penso que a China é inevitavelmente um interlocutor muito importante para lidar com todas estas dinâmicas, partindo dos nossos respetivos pontos de vista, a fim de refletirmos em conjunto sobre a forma de garantir estabilidade, paz e o comércio livre”, afirmou Meloni, citada pela agência noticiosa ANSA.
Meloni sublinhou ainda a necessidade de relações comerciais equilibradas durante o encontro com Xi.
“Penso que Itália também pode desempenhar um papel importante nas relações com a União Europeia (UE) para tentar criar relações comerciais tão equilibradas quanto possível”, afirmou.
A Itália e a UE no seu conjunto têm um défice comercial significativo com a China.
Em 2023, o défice do comércio de mercadorias da UE com a China situou-se em 291 mil milhões de euros, o que representou uma queda de 106 mil milhões de euros, em relação a 2022 (-27 %).
Xi recebeu hoje no Grande Palácio do Povo a primeira-ministra italiana, que anunciou no domingo um plano para “relançar a cooperação bilateral” com a China, após Roma ter abandonado a Iniciativa Faixa e Rota, o principal programa da política externa chinesa, sinalizando uma mudança de postura face à China.
Meloni optou por não renovar um acordo com Pequim por mais cinco anos, em dezembro passado, no âmbito de um programa com o qual Pequim procura cimentar a sua influência global.
No entanto, o Executivo italiano espera salvaguardar as relações com a segunda maior economia do mundo.
Meloni disse, no domingo, que a sua viagem é uma “demonstração da vontade de iniciar uma nova fase e relançar a cooperação bilateral no ano que marca o 20º aniversário da parceria estratégica abrangente” entre os dois países.
O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, também indicou que a chegada de Meloni à China serviria para “esclarecer mal-entendidos”. Especialistas chineses citados pela imprensa estatal sugeriram que a decisão de Roma se deveu “à influência dos EUA e de outras potências ocidentais” e não à recusa da Itália em cooperar com o país asiático ou à ideologia da chefe do Governo italiano.
Uma das principais queixas de Roma sobre a iniciativa foi o aumento do défice no comércio com o país asiático.
Itália era o único país do G7, grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo, que assinou um memorando de entendimento no âmbito do programa chinês.
Durante a viagem, que inclui uma paragem na cidade de Xangai, espera-se também a assinatura de acordos comerciais e industriais bilaterais.
De acordo com fontes italianas, Meloni pretende atrair mais investimentos chineses – por exemplo, no setor automóvel – para impulsionar o crescimento económico de Itália.
A Iniciativa Faixa e Rota inclui a construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas, criando novas rotas comerciais entre o leste da Ásia e Europa, Médio Oriente e África.
O maior relacionamento entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento da cooperação no âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos financeiros, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas trocas comerciais.
Lançada em 2013, pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa simbolizou uma mudança na política externa da China, de um perfil discreto para uma postura mais assertiva, visando moldar o cenário internacional.
Comentários