“Tenho como objetivo a eliminação da proteção especial, porque é uma proteção adicional em comparação com o que acontece no resto da Europa”, afirmou Meloni aos jornalistas italianos, antes de terminar uma visita oficial à Etiópia.
A Liga (direita nacionalista radical) apresentou na sexta-feira uma emenda para acabar com o controverso estatuto, a incluir no decreto aprovado pelo Governo de Meloni em março, depois do naufrágio de um barco na região da Calábria (no sul do país) que causou a morte a 93 imigrantes.
O decreto visa, entre outros, aumentar as penas de prisão para os membros da máfia que gerem o tráfico migratório irregular através do mar Mediterrâneo, prevendo-se que chegue ao Senado na próxima quarta-feira.
“Há uma proposta em que a maioria trabalhou conjuntamente, não é um tema em que existam desentendimentos. É complexo e é normal que existam várias emendas, mas nos objetivos estamos todos de acordo”, afirmou a primeira-ministra, quando questionada sobre eventuais diferenças de posição sobre o tema no seio da coligação governamental.
Meloni reconheceu que não falou com o líder da Liga recentemente, mas insistiu que “não há divergências substanciais, apenas a vontade de trabalhar conjuntamente” para encontrar “uma síntese com a solução mais eficaz”.
A “proteção especial” é um estatuto atribuído em Itália, desde 2018, a determinados imigrantes que, por diversas razões, não recebem o título de refugiado nem a designada proteção subsidiária.
A principal força política da oposição, o progressista Partido Democráta (PD), criticou fortemente Meloni, acusando-a de usar a migração para não lidar com outros temas, como a economia.
“As afirmações de Giorgia Meloni confirmam que a fúria desumanamente absurda contra os migrantes […] só serve para cobrir os atrasos e a incapacidade deste Governo para indicar uma direção clara e tirar o país das suas dificuldades económicas”, afirmou o porta-voz do Senado, Francesco Boccia.
O estado de emergência migratório foi aprovado em Conselho de Ministros após o recente desembarque nas costas italianas de pelo menos 3.000 pessoas, enquanto dezenas de embarcações, muitas em dificuldades, se dirigiam para o país, tirando partido da melhoria das condições climáticas.
A medida, proposta pelo ministro da Proteção Civil e Políticas Marítimas, Nelo Musumeci, e com financiamento inicial de cinco milhões de euros, vai ser aplicada em todo o território nacional durante seis meses.
Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, rumo aos territórios italiano e maltês.
Comentários