“O facto de termos sido convidados para o participar no G20 este ano resulta não apenas da nossa amizade fraterna com o Brasil, mas também porque somos vistos - pelo próprio Brasil, mas por outros - como um país que faz a ponte entre continentes, um país que, sendo pequeno em termos territoriais e populacionais, é um país com uma política externa com relevância global e com capacidade de pensamento global”, afirmou João Gomes Cravinho em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.
Prestes a viajar para o Rio de Janeiro para participar, a partir de quarta-feira, na reunião dos chefes da diplomacia das 20 maiores economias mundiais, o governante português classificou este grupo como “um palco de concertação de enorme influência”, sendo a participação portuguesa “uma oportunidade única, sobretudo neste âmbito de desagregação da ordem internacional”.
“Creio que nos vai dar uma voz numa sala de reuniões das mais importantes do mundo contemporaneamente e isto para nós é uma oportunidade única, porque é extremamente raro”, reforçou.
Chefes da diplomacia das 20 maiores economias mundiais encontram-se a partir de quarta-feira na cidade brasileira do Rio de Janeiro para resolverem “questões urgentes” como os conflitos internacionais e reformas das instituições de governança global.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, também estarão presentes no evento, que conta com a presença, como convidados, dos ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e de Angola, João Gomes Cravinho e Téte António, respetivamente, e do secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa.
O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização.
Portugal estará presente, ao longo do mandato do Brasil, em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em nível técnico e ministerial, que se realizarão em cinco regiões brasileiras, culminando com a Cimeira de chefes de Estado e de Governo, que decorrerá no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro de 2024.
Dias depois de ter participado na cimeira da União Africana (UA), na capital da Etiópia, Adis Abeba, João Gomes Cravinho adiantou que Portugal é ainda visto como “parceiro muito natural, tanto pelos europeus [na União Europeia – UE], como pelos africanos”.
Depois de a última cimeira UE-UA se ter realizado antes da invasão russa da Ucrânia, há dois anos, em fevereiro de 2022, o ministro português dos Negócios Estrangeiros vincou que “o objetivo deve ser o de haver uma cimeira em 2025 e, este ano, nos próximos meses, uma ministerial para preparar essa cimeira”.
Questionado sobre parcerias entre a UE e os países africanos para a gestão migratória, João Gomes Cravinho salientou ser “um erro imaginar que a relação com África possa ser conduzida meramente por via da desta lente das migrações”.
“Quando isso acontece, a relação acaba por ser extremamente empobrecida e o resultado é um resultado inevitavelmente insatisfatório e, portanto, nós temos de olhar para outras questões, como sejam o que causa as migrações e como é que nós podemos contribuir para que as causas das migrações sejam mitigadas”, defendeu ainda.
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