Irão os portugueses reconhecer o esforço do governo na luta contra a pandemia ou, pelo contrário, estão tão cansados que vão optar por castigar quem geriu a crise? Se há dúvidas nesta matéria, noutras as certezas estão em vantagem.
Em cada dez pessoas, duas não têm idade para votar e quatro não votam porque não querem. Das quatro restantes, duas votam à direita e duas votam à esquerda. Nas legislativas, a tendência é para votar com o bolso, ou seja, consoante o aperto financeiro é maior ou menor.
Para Edson Athayde, CEO e diretor criativo da FCB Lisboa e responsável pelas duas campanhas que deram vitória a António Guterres (1999 e 2002), António Costa tem uma característica: "Ele até pode ser bom governante, mas não costuma ser bom candidato". Por isso, a todo o momento pode acontecer "uma costice", aquele comentário ou atitude completamente despropositado, mas muito visível.
Gonçalo Castel-Branco, da MAPA, estratega das campanhas de Alexandre Poço, Inês de Medeiros ou Carlos Moedas, e que esteve envolvido na campanha de Hillary Clinton, acredita que tudo pode ficar exatamente como antes das eleições: o PS a precisar de acordos à esquerda para governar. À direita, a Iniciativa Liberal pode ser decisiva, mas apenas se tiver pelo menos 7% ou 8% dos votos.
Ambos concordam que o elevado nível de abstenção é decisivo para qualquer resultado; quem não vota decide tanto ou mais do que quem vota e é nesta franja - de quem opta por ficar em casa por achar que o seu voto não conta - que se decidem as eleições.
De resto, em Portugal não há uma cultura de ir buscar profissionais e boa parte das campanhas são feitas "pelo primo do tio da vizinha". Na política, como em tantas outras áreas, "somos muito amadores". E conservadores também, motivo pelo qual "aquilo que é permitido a uma mulher na vida pública não é aquilo que é permitido a um homem".
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