Estes avisos foram transmitidos por Pedro Duarte no encerramento do debate sobre o estado da nação, na Assembleia da República, numa intervenção em que fez um balanço sobre a ação do seu Governo nos primeiros 106 dias de funções.
“Aos interesses individuais ou agendas pessoais, há um bem comum que deve mandatar todos os que estão nesta Casa da Democracia. Não ignoramos que não temos maioria, mas às improváveis alianças de alguns, nós respondemos com vontade de dialogar e negociar; à sucessão de provocações da oposição, nós respondemos com ação. Preferimos as reformas à retórica e os factos às fantasias”, declarou.
Para o ministro dos Assuntos Parlamentares, “os portugueses gostam de moderação, de estabilidade, de saber com o que contam e, por isso, repetem nas sondagens que não querem eleições antecipadas”. Neste ponto, fez mesmo questão de dizer que, ao contrário do que se passa em outros países, em Portugal os eleitores “afastam-se dos extremos”.
Depois, transmitiu uma série de avisos às forças da oposição sobre a questão da conclusão ou não da atual legislatura.
“O que está para frente, a partir de hoje, não é o chumbo ou a aprovação do Orçamento do Estado, não é a queda ou a sobrevivência do Governo, mas tão só a responsabilidade de cada um de nós. Membros do Governo ou membros de partidos podem ter as suas ambições, mas em política nenhuma aspiração partidária ou pessoal deve ser maior do que a ambição que temos para o país”, advertiu.
Na sua intervenção, Pedro Duarte defendeu a tese de que nenhum país tem futuro quando se aposta tudo na polarização, no exagero ou no boicote.
“Já mostrámos que viemos para cumprir e para mudar, mas não precisamos nem queremos fazê-lo sozinhos, porque vemos a governação como responsabilidade partilhada e não como privilégio adquirido. Não estamos aqui para medir forças. Estamos aqui para unir forças”, contrapôs.
Em relação à ação do seu executivo, o ministro dos Assuntos Parlamentares advogou que, ao fim de cem dias de novo Governo, “o país ganhou um rumo, paz social, previsibilidade e, sobretudo, esperança”.
Tal como já tinha feito o primeiro-ministro, Luís Montenegro, Pedro Duarte também recuperou o lema do anterior chefe do executivo, António Costa, “palavra dada palavra honrada”.
E deixou mais avisos: “Não somos um Governo de corrida de cem metros mas de maratona – e é essa a meta que queremos cortar com passos seguros e sem precipitações”.
“Esta maratona é para ser cumprida com a mesma capacidade de decisão que já mostrámos nos primeiros cem dias de executivo, por exemplo com a decisão, ao fim de 50 anos, sobre a localização do novo aeroporto Luís de Camões. Esta maratona é para ser cumprida com a mesma concertação que já mostrámos chegando a acordos históricos com os professores, com os agentes das forças de segurança, oficiais de justiça e guardas prisionais”, apontou.
No plano social, Pedro Duarte procurou realçar medidas como o acesso gratuito a medicamentos por parte dos cidadãos mais pobres, ou o aumento do complemento solidário para idosos.
“Esta maratona é para ser cumprida com integridade e transparência, como já mostrámos com a agenda do combate à corrupção, a adoção do código de conduta do Governo ou o reforço dos meios de fiscalização da execução do Plano de Recuperação e Resiliência”, acrescentou.
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