“Não podemos responder à radicalização do discurso contra a caça com um discurso radical. Temos de nos entender, perceber as questões que temos que discutir, perceber as iniciativas que temos de ter, antecipar problemas”, disse Miguel Freitas no encerramento do XXVII Encontro Nacional de Caçadores, que decorreu no grande auditório do Centro Nacional de Exposições, em Santarém.
O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural afirmou que a nova lei orgânica do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) vai tornar este organismo “mais próximo”, com a criação de direções regionais, e dotado de capacidade para recolher, trabalhar e disponibilizar informação atualizada, essencial para a “tomada de boas decisões”.
Miguel Freitas referiu ainda a criação dos centros de competências, em particular o que é dedicado à caça e à biodiversidade, apresentado hoje durante o encontro, e anunciou que o setor vai estar associado à ideia da “multifuncionalidade da floresta”.
“A caça é um setor da maior importância, do ponto de vista económico e social, mas queremos reforçar a ideia de atividade absolutamente essencial nas questões do território, do ambiente e da biodiversidade”, afirmou, salientando que no diálogo com associações ambientais tem encontrado divergências, “mas nenhuma insanável”, pelo que é possível “encontrar caminho para as soluções”.
O secretário de Estado falou a seguir a uma homenagem ao caçador, poeta e político Manuel Alegre, que se insurgiu contra os “fundamentalismos” que “fraturam a sociedade” e põem em causa os que vivem em regiões desertificadas e que, sobretudo, põem em causa a liberdade.
No seu discurso, Manuel Alegre apelou aos caçadores para que se organizem “como força nacional” na defesa dos seus interesses, do mundo rural e do interior, pedindo que acabem com o “estereotipo do caçador predador e marialva”, conquistem a adesão de mulheres e de jovens e mostrem que os caçadores “são amigos do ambiente”.
Dando eco às críticas que se fizeram ouvir ao longo de todo o encontro à proposta da Lei das Armas, também Manuel Alegre lamentou que esta olhe para os caçadores como “inimigos da segurança” e “criminosos”.
Sem se querer pronunciar sobre um diploma da responsabilidade do Ministério da Administração Interna, Miguel Freitas afirmou que o importante é a mensagem de que o setor da caça é “pacífico, desenvolve a sua atividade de forma ética e responsável”, esperando que, na discussão da lei na Assembleia da República, seja possível “encontrar a boa lei das armas para o país”.
O presidente da Federação Nacional de Caçadores (Fencaça), que organiza este encontro anual, disse à Lusa acreditar que será possível, no parlamento, travar medidas como a que acaba com a licença de uso e porte de arma no caso de retenção de arma no domicílio.
Jacinto Amaro salientou a presença no encontro de hoje dos deputados que têm estado ao lado dos caçadores e a colaboração que tem encontrado junto do Ministério da Agricultura, bem como o facto de, pela primeira vez, ter sido dada voz aos municípios do interior.
O dirigente afirmou que questões como a perda de população e de serviços que o interior tem sofrido têm de motivar a criação de uma plataforma ampla que defenda as atividades que ainda se mantêm no território, como a caça, a pesca e as tradições, nomeadamente taurinas.
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