Falando na abertura da 45.ª edição da Conferência Anual da Luso-American Education Foundation (LAEF), a governante frisou “o potencial da língua portuguesa” no país, que em 2020 registou os melhores resultados de sempre do português nos exames NEWL (National Examinations in Work Languages), apesar de uma redução no número de alunos que fizeram o exame em relação aos anos anteriores.
“As nossas prioridades políticas passam por reforçar e alargar o ensino da língua portuguesa nesse país, que está presente nas escolas comunitárias organizadas pelas associações portuguesas e nas escolas americanas”, afirmou Berta Nunes, na conferência que este ano é virtual, devido à pandemia de covid-19.
A responsável indicou que “80% dos alunos que estudam português nos Estados Unidos ao nível do ensino básico e secundário fazem-no em escolas públicas da rede americana”.
Na Califórnia, de onde a conferência foi organizada com o Instituto Português Além-Fronteiras (PBBI), da Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, há entre 1.500 e 2.000 alunos nos graus de ensino básico e secundário. São cerca de 18 mil em todo o país.
Nos estágios seguintes, o embaixador de Portugal nos EUA, Domingos Fezas Vital, citou os últimos números publicados pela Modern Language Association, com base em dados compilados em 2.547 universidades, que indicam que há 9.827 estudantes a aprender português em instituições de ensino superior.
“Estes números deixam claro o papel central do ensino de português”, afirmou o embaixador, sublinhando o “apoio inestimável” dado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), uma das principais patrocinadoras da conferência.
O congressista luso-descendente Jim Costa, que representa o 16.º distrito da Califórnia, disse na sua intervenção que a parceria entre os dois países é importante e a língua também o reflete.
“A cultura, a língua e outros elementos essenciais que são a cola que mantém esta aliança incrível pelos bons e maus tempos é um reflexo do que nós, como luso-americanos, sentimos no nosso coração: nunca esquecemos de onde viemos”, disse Jim Costa.
Além de reflexões sobre a educação, também foi abordada a questão dos serviços consulares, que sofreram interrupções significativas nos últimos tempos e levaram o Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS) a enviar uma carta a Berta Nunes.
“Sabemos que a forma como a pandemia afetou os serviços consulares, bem como os demais serviços por toda a parte, teve e tem ainda implicações na vida comunitária portuguesa, às quais estamos muito atentos”, disse a secretária de Estado.
Para minorar o impacto, está a ser implementado um novo modelo de gestão consular “que visa a simplificação e desmaterialização dos atos consulares” e permitirá consolidar “os mecanismos de resposta a situações de emergência”, como é a pandemia de covid-19.
Berta Nunes disse ainda que estão a ser contratados mais funcionários como parte do “regresso à normalidade” que a retoma dos serviços e permanências consulares representa.
No entanto, as listas de espera continuam. No consulado de São Francisco, o sistema de marcação ‘online’ só permite agendamentos para setembro de 2021.
A cônsul-geral Maria João Lopes Cardoso, que também falou no evento, sublinhou a preocupação com os “tempos incertos” que se vivem e o isolamento provocado na comunidade. “O forte associativismo”, disse “tem agora de acompanhar a revolução digital para a qual a pandemia nos empurrou”.
“É necessário fazer uma transição geracional e pôr as gerações em contacto. Esta revolução digital que nos foi imposta pela pandemia pode ter um papel e ser usada de maneira positiva”, considerou, falando da importância de pôr em contacto pais, netos, filhos e avós, que “podem trocar impressões sobre o que é ser português nos Estados Unidos”.
Essas serão algumas das questões abordadas durante a conferência da LAEF, que decorre até 03 de outubro. Entre os painéis diários previstos incluem-se debates sobre as associações portuguesas nos Estados Unidos, o futuro dos salões portugueses e das Festas e as tradições populares portuguesas na Califórnia.
Frisando como “as tradições culturais dos mais velhos podem ser transmitidas aos mais novos”, a cônsul afirmou que “a comunidade portuguesa da Califórnia é a melhor comunidade portuguesa do mundo”.
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