O Ministério da Justiça e Segurança Pública indicou, em comunicado, na sexta-feira, que a meta é “pôr fim a esta situação de terror, que já dura há demasiado tempo”.
“O objetivo é garantir a ordem pública para que a população possa circular livremente, com total tranquilidade, e regressar à vida normal”, prossegue a nota, assinada pelo ministro Carlos Hercule.
O comunicado surgiu após incidentes recentes como o fogo posto na alfândega de Ganthier, no sul do país, um ataque contra um veículo blindado da Polícia Nacional Haitiana e um ataque ao Instituto Monfort de Croix-des-Bouquets, dedicado ao cuidado de crianças com deficiências auditivas ou visuais.
A escalada de violência tem causado vítimas entre a população, sobretudo em Cabaret e Arcahaie, no departamento de Oeste, onde se situa a capital, Porto Príncipe.
De acordo com a representação das Nações Unidas no Haiti, pelo menos 1.379 pessoas foram vítimas de violência por parte de grupos armados no Haiti, incluindo mortes e feridos, durante o segundo trimestre de 2024, elevando o balanço de vítimas este ano para quase 3.900 vítimas.
“Os atos criminosos dos últimos dias provocaram também a deslocação de numerosas famílias, agravando a crise humanitária no país, que é uma das preocupações do governo de transição a par da questão da segurança”, referiu Carlos Hercule.
A ONU indicou que cerca de 600 mil pessoas estão deslocadas no país, um aumento de 60% desde março.
No final de julho, o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille, foi retirado ileso de uma visita ao Hospital Universitário do Estado, o maior hospital do país, situado na capital, quando membros de gangues dispararam armas automáticas na área.
Conille conseguiu sair das instalações em segurança, escoltado por polícias haitianos e agentes quenianos da missão de segurança multinacional apoiada pela ONU.
O hospital está localizado numa área controlada por gangues no centro da capital e esteve mesmo nas mãos de bandos entre o final de fevereiro e o início de julho, altura em que a polícia haitiana conseguiu voltar a capturar a infraestrutura.
Os grupos armados têm sido acusados de numerosos assassínios, violações, pilhagens e raptos para obtenção de resgate, situação que se agravou no início do ano, quando decidiram unir forças para derrubar o antigo primeiro-ministro Ariel Henry.
Desde a saída de Henry foram criadas autoridades de transição para trabalhar na recuperação do Haiti, com o apoio de uma missão multinacional liderada pelo Quénia.
O país, devastado pela violência e pela corrupção, não tem chefe de Estado desde o homicídio de Jovenel Moïse em 2021.
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