Luís Montenegro discursava no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, na sessão de apresentação das linhas de programação das comemorações do quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, que terão início na próxima segunda-feira, 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Segundo o primeiro-ministro, a intenção do Governo é que os 500 anos de Camões sejam celebrados “de forma aberta e plural, no modo que é próprio de um regime democrático e inclusivo, capaz de no seu seio tanto celebrar um Camões histórico como um Camões mítico”.

“Nós não queremos celebrá-lo de um modo passadista ou saudosista, como também não queremos modernizá-lo em termos anacrónicas ou falsificadores da verdade histórica, da verdade histórica de Luís de Camões. Pretendemos antes, isso sim, situá-lo no espaço e no tempo que foram os seus”, afirmou.

O “propósito central” destas comemorações é “promover o estudo da sua vida e da sua obra de acordo com os mais modernos critérios científicos” e “divulgar as muitas mensagens que a sua poesia contém junto dos portugueses, sobretudo das gerações mais novas”, referiu Luís Montenegro.

“A melhor forma de celebrar Camões continua a ser divulgar e conhecer a sua obra, que as suas palavras façam eco nos corações dos jovens e que lhes despertem novas significações, novos mundos, mesmo novas interpretações. Que os versos de Camões façam sentido, 500 anos depois”, defendeu.

O primeiro-ministro considerou que Camões tem sido “adaptado ao sentir das várias épocas e apropriado com propósitos que em muitos casos claramente transcenderam o sentido da sua vida e da sua obra”, mas “resiste e triunfa sobre todas as tentativas de apropriação ou manipulação da sua herança cultural ou literária”.

“Camões não é, nunca poderá ser propriedade de um concreto regime político, porque Camões é Portugal, Camões é povo, Camões é a essência livre da alma portuguesa, do ser português. Não pode por isso ser cativo, se não da nossa memória, da nossa admiração, do nosso tributo enquanto nação. Por isso, celebrar Camões no século XXI é fazê-lo com humildade, e com humildade democrática, diante da sua grandeza e da obra que nos legou”, acrescentou.

Luís Montenegro disse também que o Governo quer celebrar Camões como símbolo de “uma língua que é do mundo, é de todos aqueles que a falam, é de todos aqueles que a ensinam e é de todos aqueles que a aprendem” e que é “ainda mais bela e rica na sua imensa diversidade”.

Antes, a ministra da Cultura justificou o calendário destas comemorações, entre 10 de junho de 2024 e 10 de junho de 2026, com mais um ano do que o previsto, com o objetivo de ”ultrapassar a pesada herança deixada pelo anterior Governo” nesta matéria.

Dalila Rodrigues imputou ao anterior executivo do PS uma “ausência de programação e de orçamento” destinado a estas comemorações, cujo calendário, referiu, “seria de 12 de março ou 10 de junho de 2024 a 10 de junho de 2025”.