“É em Leiria, Santarém, Lisboa e Setúbal que está o foco do problema, que não é generalizado, embora haja situações pontuais em Coimbra e Beja. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem estatísticas sobre quais são as urgências e a que horas estão saturadas, quais os corpos de bombeiros que estão a uma hora de distância das urgências e parece que ninguém quer resolver isto”, afirmou o presidente da LBP, António Nunes, à agência Lusa.
Em comunicado, a LBP revelou que os bombeiros de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, no último sábado, entraram na Maternidade Daniel Matos, em Coimbra, com uma grávida que transportavam na ambulância de socorro, seis horas depois do pedido de socorro e depois de percorridos 370 quilómetros.
A ambulância dos bombeiros de Torres Vedras foi acionada pelas 06:23 pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU/INEM) para uma grávida em “possível trabalho de parto”.
Quando estavam junto da grávida, os bombeiros obtiveram informação do CODU que o hospital mais próximo seria Abrantes, mas, na dúvida sobre a sua disponibilidade, reencaminhou a ambulância para a Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra.
Quando chegaram a Coimbra, foram informados que a doente não seria admitida, tendo sido indicada a Maternidade Daniel Matos, também em Coimbra.
No comunicado, é referido que, nos contactos com o CODU, os bombeiros sugeriram os hospitais de Lisboa, Loures, Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa), Leiria ou Caldas da Rainha (distrito de Leiria).
“A situação que se passou é inconcebível”, disse António Nunes, acrescentando que “estas situações repetem-se com frequência e estão a agravar-se” e a LBP tem vindo desde, pelo menos, há um ano a alertar para o problema e a queixar-se de que o CODU “não está a trabalhar adequadamente”.
A LBP vai reunir-se no dia 24 com a secretária de Estado da Gestão da Saúde, com este tema em agenda.
“Toda a gente sabe que isto não está a funcionar bem, cada dia que passa temos a sensação de que nos estamos a adaptar à excecionalidade e estamos a considerar normal o que é uma situação anormal”, defendeu António Nunes.
O responsável reiterou que, cada vez mais, o hospital da área de residência do doente “deixou de ser o utilizado”.
“Com o encerramento não só das urgências obstétricas, ginecológicas e pediatrias, mas também de especialidades dentro das urgências, está-se a criar uma situação complexa de gestão dos meios dos bombeiros, quer em termos de recursos humanos, quer de ambulâncias”, explicou.
Segundo a Liga, os bombeiros “não podem resolver os problemas da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde e do INEM” e, por outro lado, “não se pode agravar mais” a situação financeira das corporações dos bombeiros, quando "recebem por mês 5.200 euros do INEM para manter a funcionar 24 horas por dia uma ambulância de socorro, que custa 13 mil euros/mês".
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