“É uma adesão que demonstra que o descontentamento existe de norte a sul do país e que poderá vir a aumentar se, na próxima reunião com o Ministério da Saúde, não forem dadas as respostas que os enfermeiros hoje exigiram”, disse à Lusa a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Guadalupe Simões.
O SEP convocou para hoje uma greve aos turnos da manhã e tarde e uma concentração no Campo Pequeno, em Lisboa, para exigir o início do processo negocial com fixação de memorando de entendimento sobre as matérias a negociar (contagem de pontos, carreira de enfermagem e outros aspetos) e o respetivo calendário.
Segundo Guadalupe Simões, no conjunto dos turnos da manhã e da tarde, a paralisação registou uma adesão de 76,8%, sendo os efeitos mais visíveis nos blocos operatórios e nas consultas externas nos hospitais.
“Também se registaram muitas unidades funcionais dos cuidados de saúde primários com 100% de adesão à greve”, afirmou a dirigente sindical.
O SEP decidiu em 26 de abril manter a paralisação, depois de se ter reunido com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmando que os enfermeiros “querem respostas muito mais cedo”.
A ministra da Saúde reuniu-se há duas semanas pela primeira vez com os sindicatos representativos dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, dando início às negociações salariais reivindicadas pelas estruturas sindicais.
No final das reuniões, o Ministério da Saúde disse esperar que o processo negocial, que será retomado em 27 de maio, decorra numa base de “boa-fé, compromisso e responsabilidade” e que corresponda à expectativa dos profissionais “na medida do possível”.
Após a marcha de hoje, que terminou junto ao Ministério da Saúde, o presidente do SEP considerou que os profissionais de enfermagem se sentem discriminados em relação aos “restantes trabalhadores da função pública”, exigindo que “rapidamente se inicie a negociação” com o Governo.
“Isto é inadmissível e decidimos vir aqui hoje dizer bem alto ao Ministério da Saúde que na próxima reunião [com a tutela], em 27 de maio, queremos fixar o protocolo negocial”, disse à agência Lusa José Carlos Martins.
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