“Existem várias situações de doentes que necessitam de forma urgente de uma cirurgia sem que seja contemplada pelos serviços mínimos, que, na prática, consideram doentes oncológicos e os que entram pela porta da urgência”, afirmou à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares.
Isto porque, segundo o responsável, os serviços mínimos decretados para esta greve são serviços mínimos típicos para uma greve de um, dois ou três dias, quando esta paralisação vai durar, no total, mais de um mês - até ao final de dezembro.
Para Alexandre Lourenço, a situação atual nos hospitais onde decorre há uma semana e meia a greve dos enfermeiros em blocos operatórios é “extremamente grave”.
“Há um conjunto de doentes que se não forem operados vão ter danos claros sobre o seu estado de saúde que não será recuperado no curto ou no longo prazo”, declarou.
O presidente da associação dos administradores hospitalares apela ao Ministério da Saúde para que divulgue aos portugueses as situações de doentes graves com cirurgias adiadas ou que autorize as administrações dos hospitais a fazerem-no.
Os sindicatos e a Ordem dos Enfermeiros têm referido que a greve em blocos operatórios de cinco hospitais públicos está a levar ao adiamento de cerca de 500 cirurgias por dia, mas Alexandre Lourenço não avança dados concretos da parte dos hospitais, preferindo destacar os “casos graves” que não estão a ser atendidos.
“Já ultrapassámos até uma avaliação do número de cirurgias que estão a ser adiadas. Estamos a falar de casos individuais de doentes que pela gravidade do seu estado de saúde vão ser prejudicados para a vida por este adiamento de cirurgias”, insistiu.
O representante dos administradores hospitalares vinca a importância de que o Ministério da Saúde e os sindicatos cheguem a um acordo para terminar esta greve, apelando à “sensibilidade por casos individuais graves”.
Os enfermeiros dos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal estão em greve desde o dia 22 de novembro e admitem prolongar a paralisação até final do ano.
A greve foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), embora inicialmente o protesto tenha partido de um movimento de enfermeiros que lançou um fundo aberto ao público que recolheu mais de 360 mil euros para compensar os colegas que aderissem à paralisação.
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