"Eu entendo que todos os profissionais por mais razão que tenham - e os enfermeiros têm muita razão - aquilo que nós temos é sempre de ponderar entre a defesa legítima dos interesses, neste caso dos enfermeiros, e aquilo que depois é prejuízo que se pode causar aos doentes, que são quem não tem culpa nenhuma", declarou Rui Rio, no Porto.
Para o líder do maior partido da oposição, a carreira dos enfermeiros merece ser estruturada e respeitada, mas também aqui, pediu, é preciso "algum equilíbrio".
Em declarações à margem do 23.º jantar de aniversário do Clube Via Norte, Rui Rio sublinhou, contudo, que este não é um problema exclusivo dos enfermeiros.
"Infelizmente podia perguntar-me dos estivadores, dos oficiais de justiça, dos técnicos de diagnóstico, dos médicos, dos professores. Aquilo que nós assistimos em Portugal é uma ausência de paz social que é completamente contrária àquilo que o Governo tem dito", defendeu.
Para o presidente do PSD, o Governo "não investiu nada, só distribuiu”, mas fê-lo "sem critério".
"O que tinha, distribuiu segundo a lista de reivindicações do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. Era suposto que, estando a distribuir desta maneira, tivessem todos contentes e que o descontentamento viesse apenas lá à frente quando se notasse a falta de investimento. Pois bem, isto é muito mau para o Governo", sublinhou, acrescentando não se recordar de um período de tantas greves ao mesmo tempo.
A 'greve cirúrgica' dos enfermeiros, que se iniciou em 22 de novembro e termina em 31 de dezembro, está a decorrer nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.
Os enfermeiros queixam-se da falta de valorização da sua profissão e das dificuldades das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde. Pretendem uma carreira, progressões que não têm há 13 anos, bem como a consagração da categoria de enfermeiro especialista.
Lembram ainda que os enfermeiros levam para casa menos de mil euros líquidos por mês e que cumprem muitas horas extraordinárias que não lhes são pagas.
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse que as cirurgias adiadas devido à greve dos enfermeiros vão ser reagendadas a partir de 1 de janeiro de 2019.
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